ARTIGO

Censura ao humor abre porteira da ditadura do politicamente correto

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Justiça proibiu o humorista Léo Lins de contar piadas “ofensivas às minorias” e determinou a retirada de seu show das plataformas digitais.

Em nome do politicamente correto — em um caso bizarro de censura prévia —, a Justiça de São Paulo baniu o Especial “Perturbador”, show de Stand-Up do humorista Léo Lins, de todas as plataformas digitais. Na mesma sentença, a magistrada proíbe Lins de fazer piadas que a justiça considere “ofensivas”, e ainda determina que o comediante não pode deixar São Paulo por mais de 10 dias sem autorização judicial.

A decisão foi comemorada nas profundezas do esgoto político da esquerda e nos coletivos comunistas que pregam abertamente a repressão e a censura. O humorista, repentinamente, se tornou um perigo para a sociedade. Apesar de absurda, uma decisão dessas atualmente não é surpreendente. Já há alguns anos, o destino certo de quem tenta usar a liberdade de expressão no Brasil é o cale a boca.

O negócio fica ainda mais estrambólico quando constatamos que o humor, inevitavelmente, irá escolher um público-alvo. Faz parte do show. E o que a justiça está nos dizendo neste momento é que todos podem ser caçoados, menos as minorias ideologicamente eleitas. Há algum movimento para proteger homens brancos, cristãos, heterossexuais e de classe média das “ofensas” dos comediantes malvadões? Creio que não.

No entanto, é importante lembrar que o Estado totalitário não faz distinção entre pessoas quando o assunto é censura. Quando um grupelho ideológico alimenta esse monstro na esperança de vê-lo devorando seus oponentes, corre o risco de mais cedo ou mais tarde ser devorado também.

Desde que o supremo inaugurou o Regime do Cale-se no Brasil — após a abertura do Inquérito das Fake News —, a censura alcançou manifestantes, jornalistas, parlamentares, pastores, pais de família, militares, senhoras indefesas, e agora belisca a classe dos humoristas — inclusive aqueles que votaram em Lula.

E, como o choro não tem ideologia, choraram também os comediantes de esquerda quando se deram conta de que a água já estava batendo em suas nádegas humorísticas. Tarde demais.

O cerco ao humor e o controle da manifestação artística são etapas avançadas da ditadura. As opções que o regime nos dá são pouco tentadoras: censura, prisão, processo ou silêncio.

Como bem exposto por Antony Mueller, o ápice do movimento revolucionário é a imposição do “politicamente correto”: a guerra contra as opiniões individuais. Ao passo que a população deve tolerar repugnantes demonstrações comportamentais a lista de palavras e opiniões proibidas só faz crescer. Tudo aquilo que pode ser subjetivamente interpretado como ‘excludente’ ou ‘ofensivo’ tem de ser proibido. Ao defender a censura de ideias e comportamentos considerados “ofensivos”, o politicamente correto nada mais é do que uma ferramenta criada para intimidar e restringir a liberdade de expressão.

E esse cenário de repressão e controle, sinto informá-los, vai piorar.

Léo Lins foi censurado por supostamente ofender as minorias. Foi por razão semelhante, que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu a condenação de uma escola católica de Itaúna, MG. O órgão considerou que uma cartilha que a escola distribuiu aos pais dos alunos, com o objetivo de alertar sobre os perigos da ideologia de gênero, configurava “conteúdo homofóbico” e “discurso de ódio”. O panfleto orientava que os pais — também católicos — evitassem comprar materiais escolares com estampas e desenhos de arco-íris, unicórnios, símbolos revolucionários como foice e martelo e  a imagem do terrorista Che Guevara. O MP pede que o Colégio Recanto do Espírito Santo seja condenado a pagar uma multa de R$ 500 mil e que produza obrigatoriamente um material “contra narrativo” à primeira cartilha com a participação de “pessoas LGBT”.

O caso não é o primeiro.

Em 2021, o MPMG abriu um inquérito para investigar o Colégio Batista Mineiro, da igreja Batista Getsêmani, de Belo Horizonte, após a escola publicar um vídeo em que alunos cristãos refutam a ideologia de gênero e afirmam que “Deus não erra”. O pastor Jorge Linhares, dono da instituição, precisou prestar depoimento para explicar o conteúdo vídeo.

Mas, afinal, se a comédia pode ser censurada para não “ofender as minorias”, o quão longe estamos da censura religiosa com a mesma justificativa?

Os casos acima nos dão uma pista do que pode vir.

Para fechar a semana dos absurdos, o STF nos presentou com a extinção de todas as penas do ex-deputado Paulo Maluf, condenado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, e formou maioria para proibir as revistas íntimas em presídios de todo o país.

O inacreditável acontece diante dos nossos olhos. No Brasil, as piadas são oficialmente mais perigosas do que o tráfico, a corrupção e o roubo.

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