Notícia

 O fio de esperança: a hipocrisia da esquerda

27/06/2022 - José Linhares Jr
Se não houvesse miséria, pobreza e desalento, e existisse em contrapartida, abundância, riqueza e conforto, não precisaríamos de grandes disputas políticas e todos poderíamos ser “socialistas”,

Resolvi analisar uma postagem de Lula, feita no Twitter, na tentativa de entender o que ele pensa de nós. Quem e como ele imagina que sejamos.

Dividi o texto postado por ele em três frases, para que a compreensão se torne mais fácil, sem dar margens para muitas dúvidas.

Vejamos:

“Eu quero ser presidente de um movimento pelo restabelecimento da democracia”.

Em primeiro lugar a democracia brasileira nunca esteve tão forte, pois ela tem aguentado ataques vindos de todos os lados e não dá demonstração alguma de enfraquecimento!

Ela tem sido atacada por quem deveria proteger a lei que a instituiu; é atacada pelo destempero de quem deveria administrar as ações que acontecessem por causa dela; é atacada pelo desleixo daqueles que deveriam trabalhar para aprimorá-la; é atacada pelos que deveriam noticiar a verdade sobre os acontecimentos gerados por sua existência; e por fim, inacreditavelmente, é atacada por aqueles que deveriam ser seus beneficiários.

Nesta frase, o autor tenta incutir na cabeça do leitor desavisado, a necessidade de termos um salvador, um messias, alguém que venha nos salvar de alguma coisa que ele diz que existe, mas que todos sabem que não é real.

Em segundo lugar, se alguém atenta contra a democracia, são aqueles que descumprem as leis estabelecidas, a lei civil, a lei penal, a lei constitucional, como tem sido comprovado recorrentemente, como é o caso do autor da frase e de seus asseclas.

Tudo bem que hipocrisia e mentira não são crimes tipificados em nossos códigos, pois se fossem, quase todos seriam criminosos.

“Que a gente possa colocar no coração de cada um de nós a indignação contra a miséria, a pobreza e o desalento que está caindo hoje nesse país”.

Ora!… Nosso país foi governado durante 24 anos por partidos de ideologia esquerdista, dezesseis dos quais pelo PT, partido do autor desta frase. A pergunta que precisa ser feita, é por que nos 16 anos que eles estiveram no poder, e seu poder foi imenso naquela ocasião, eles não acabaram ou pelo menos minimizaram “a miséria, a pobreza e o desalento” do povo deste país? Como é que “a miséria, a pobreza e o desalento” de agora podem ter surgido repentinamente, se ela já não existisse desde antes?

Existem várias respostas para essa pergunta. A primeira é que esse tipo de pessoa, e principalmente de político, só consegue manter o poder se houver miséria, pobreza e desalento, pois a ideologia deles é quase uma religião. Eles vendem esperança, a eterna esperança, aquela mesma que para existir, precisa que a realização do objetivo aventado, jamais se realize.

Como alcançar o objeto da esperança é muito difícil, o tempo inteiro o indivíduo fica cativo desse tipo asqueroso de político, que lhe oferece um fio de esperança, dando-lhe pequenas porções de alento, para causar-lhe uma leve sensação de conquista, que logo se apaga, necessitando de mais injeção de esperança e assim sucessiva e eternamente. Uma verdadeira escravização.

Se não houvesse miséria, pobreza e desalento, e existisse em contrapartida, abundância, riqueza e conforto, não precisaríamos de grandes disputas políticas e todos poderíamos ser “socialistas”, pois todos seriam minimamente desiguais, e se isso acontecesse, não precisaríamos de políticos para nos prometer redenção e nos iludir com esperanças fugazes e falsas.

A imagem que me vem à mente quando leio, vejo ou ouço essas pessoas, me remete às revistinhas em quadrinhos de minha infância, onde um cocheiro segura uma vara de pescar com uma cenoura pendurada na ponta, colocada à frente de um animal que arrasta a carroça, fazendo com que o pobre coitado trabalhe na esperança de pegar o alimento.

Ora, se é verdade que o objetivo dessa gente é acabar com a desigualdade, a injustiça, a dificuldade, se eles realmente acabarem com essas mazelas, qual poder eles vão almejar? Entender isso é indispensável para a compreensão do contexto político, o nosso e o de todos.

Esse tipo de gente, essa esquerda, busca uma coisa que não deseja realmente encontrar, até porque se o fizerem, destroem-se a si mesmos!

Em muitos aspectos a esquerda brasileira é diferente de esquerdas de países como Estados Unidos e Dinamarca, por exemplo, que conseguem se manter numa linha mínima de ação, com coerência e lógica, e veja que ao dizer isso, não estou generalizando.

Mesmo que eu discorde e me oponha a eles, existem esquerdistas, socialistas e até comunistas que não são mal-intencionados, que não são criminosos, que não são canalhas.

Na frase final da postagem, o autor diz:

“Vamos juntos pelo Brasil. Bom dia!”

Em minha modesta opinião, Lula foi um bom governante em seu primeiro ano de governo, entre 2003 e 2004, enquanto estava fascinado com o efetivo poder. Nos anos seguintes, rendeu-se ao lado negro da força e enveredou por um caminho onde a manutenção do poder era a única coisa que interessava a ele e aos seus comparsas, e não ao povo brasileiro e ao Brasil.

PS: Antes que algum palhaço venha reclamar, quando digo “lado negro da força” faço uma referência a Star Wars, de George Lucas. Minha frase nada tem de preconceituosa. Quem desejar, pode substituir a expressão usada por Lucas por outra, como “obscuro”.

Artigo

Sobre universidade gratuita (por Instituto Liberal)

08/06/2022 - José Linhares Jr

Existe universidade gratuita sim. Quando o custo dela é pago pelos outros e não por quem usufrui. 

A gratuidade de um serviço pode vir de duas formas: quando quem provê o serviço deixa de cobrá-lo, arcando com os custos; ou, quando os custos do serviço fornecido é pago por terceiros. 

A gratuidade não é necessariamente um mal. Quem prove serviços sem cobrá-los ou quem paga por eles sem usufruir para permitir que outros o façam só será um mal se estas contribuições resultarem em sacrifícios imorais. 

No entanto, sendo este sacrifício uma decisão voluntária de quem assim age, cabe ao próprio indivíduo decidir e arcar com as consequências dos seus atos. Não nos compete intervir. 

Agora, o mal maior da gratuidade reside na imoralidade do uso da coerção que obriga provedor ou terceiros a pagarem os custos dos serviços que seus usuários desfrutarão sem pagar nada por eles. 

É nesse ponto que as escolas estatais gratuitas ou os vouchers usados em escolas privadas se enquadram. Governo algum do mundo tem o direito de violar a propriedade dos outros para financiar a educação de quem quer que seja. 

Educação gratuita financiada com impostos é benemerência feita com o dinheiro alheio subtraído de seus donos com o uso da força.

Artigo

Preços dos alimentos e combustíveis batem recorde no mundo

07/06/2022 - José Linhares Jr
Após pandemia, trancamentos e guerras, aqui vai um resumo da encrenca.

Dois anos após o início da Covid-19 e três meses após a invasão da Rússia à Ucrânia, já é possível ter um panorama do quão devastada ficou a economia mundial.

A Covid-19, como repetidas e insistentes vezes mencionadas aqui neste Instituto, gerou uma expansão monetária inaudita. Ao mesmo tempo em que proibiam o povo de trabalhar e produzir, governos do mundo inteiro, capitaneados pelos EUA, imprimiram e injetaram em suas respectivas economias um volume sem precedentes de dinheiro. 

Nos EUA, a oferta monetária mensurada pelo M2 — basicamente, todo o papel-moeda em poder de pessoas e empresas, mais todos os depósitos em conta-corrente, mais caderneta de poupança, mais depósitos a prazo com liquidez — disparou.

De janeiro de 2020 até hoje, a quantidade de dólares no mundo aumentou em quase 7 trilhões.

Sim, há 7 trilhões de dólares a mais hoje no mundo do havia em janeiro de 2020.

M2.png

Gráfico 1: evolução do M2 nos EUA

Observe que, no biênio 2020-21, a oferta monetária aumentou a mesma quantidade que havia aumentado no período entre janeiro de 2011 a dezembro de 2019. Ou seja, levou apenas dois anos para aumentar o mesmo volume que antes levava nove anos.

(A título de curiosidade, observe que, na crise financeira de 2008, ao contrário do senso comum, não houve nenhuma inflação monetária atípica).

Em termos percentuais, o aumento na quantidade de dólares de janeiro de 2020 até hoje foi de 42%. Em apenas dois anos. Em termos práticos, isso significa que praticamente a metade de toda a quantidade dólares existentes no mundo foi criada nos últimos dois anos.

Mas piora.

Além desta inaudita impressão monetária, o governo Biden aprovou um novo auxílio emergencial que, para se colocar em perspectiva, foi maior que o PIB brasileiro: equivalente a R$ 10 trilhões, ante R$ 8 trilhões de toda a produção de bens e serviços brasileira em um ano.

Mas não parou por aí. Também, em 2021, anunciou um plano de gastos para “gerar empregos, melhorar a infraestrutura pública e combater o aquecimento global”. Custo total: US$ 2,3 trilhões. Na própria imprensa já estão dizendo que todo o pacote de estímulos custará, na verdade, US$ 4 trilhões.

E daí?

E daí que isto impactou diretamente nos preços dos alimentos e da energia.

Todo o mundo hoje está pagando mais caro na comida e nos derivados de petróleo por causa do governo americano. E do governo russo.

A relação entre commodities e dólares

Todas as commodities (de minério de ferro a petróleo, passando por aço, cobre, soja, trigo, milho, café, carne de boi, suco de laranja, açúcar) são precificadas em dólar no mercado internacional de commodities.

O valor de cada commodity, em dólares, é o mesmo para todos os países do mundo. O valor do barril de petróleo, do litro de gasolina e diesel, do quilo de soja, milho, trigo, arroz, leite, cacau, queijo etc. é o mesmo, em dólares, para EUA, Brasil, Alemanha, Japão e Sudão.

O país que exporta commodities irá exportá-las cobrando, em dólares, o valor vigente no mercado internacional. E o país que importa commodities irá importar pagando, em dólares, o valor vigente no mercado internacional.

Não há como escapar disso.

Consequentemente, se as commodities encarecem em dólares, não há mágica: todos os países serão afetados.

A população do país que importa commodities irá sofrer por ter de pagar mais caro em dólares. E a população do país exportador, por sua vez, também não será beneficiada, pois pagará o mesmo preço do resto do mundo — pelo óbvio motivo de que, se é possível vender para fora mais caro e vender para dentro mais barato, os produtores preferirão a primeira opção (você também faria isso, por mais que queira “sinalizar virtude”).

Logo, quanto mais caras estiverem estas commodities em dólares, mais caras estarão estas commodities para todas as populações do mundo.

Sem escapatória.

Um giro pela encrenca

Os gráficos a seguir mostram a evolução dos preços, em dólares, das principais commodities alimentícias e energéticas do mundo.

As causas do atual encarecimento se devem tanto à expansão monetária ocorrida entre 2020 e 2021 quanto à guerra da Rússia na Ucrânia.

FAO.png

Gráfico 2: preços dos alimentos ao redor do mundo compilados pela FAO desde a década de 1960 (linha laranja: preços nominais; linha amarela: preços corrigidos pela inflação)

diesel.png

Gráfico 3: preço do litro do óleo diesel, em dólar

gasolina.png

Gráfico 4: preço do litro da gasolina, em dólar

gasnatural.png

Gráfico 5: preço do gás natural, em dólar

trigo.png

Gráfico 6: preço do trigo, em dólar

milho.png

Gráfico 7: preço do milho, em dólar

soja.png

Gráfico 8: preço da soja, em dólar

graos.png

Gráfico 9: índice de commodities em grãos da Dow Jones

O que já estava sendo pressionado pela expansão monetária tornou-se ainda pior com o cenário de guerra. A Rússia, como se sabe, suspendeu a venda da fertilizantes para o mundo. Rússia, Ucrânia e Bielorrússia são os maiores fornecedores. 

Igualmente, a Rússia é o quarto maior produtor de trigo do mundo e o maior exportador. A Ucrânia é o sétimo maior produtor e está entre os quatro maiores em embarques. Juntos, os dois países respondem por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo. E ambos os países são grandes exportadores de milho para a China. E tornaram-se também grandes exportadores de óleo de soja.

O conflito afetou sobremaneira a exportação de commodities, fartas naquela região.

Para piorar, a Índia proibiu a exportação de trigo

Algo entre 50 e 60 milhões de toneladas de fertilizantes e cereais estão paradas nos portos russos e ucranianos, sem poderem ser exportados.

Como era de se esperar, os preços dos alimentos batem recorde histórico absoluto nos EUAna Europa e no mundo. Na Argentina, metade da população já passa fome.

Nos EUA, o governo aparentemente passou a ignorar a agenda ESG e liberou o cultivo em áreas de preservação.

No front energético, a invasão da Rússia à Ucrânia apenas intensificou uma tendência que já vinha ocorrendo há anos: a oferta mundial de petróleo, que já vinha sendo artificialmente restringida pela radical agenda ambientalista ESG, ficou ainda mais restrita.

Muito antes de qualquer ameaça da Rússia à Ucrânia, este Instituto já vinha alertando como a agenda ESG estava afetando negativamente a oferta mundial de petróleo. O preço do petróleo já vinha escalando há anos, tendo sido apenas temporariamente interrompido pelos lockdowns mundiais adotados em 2020.

A invasão da Ucrânia apenas intensificou a tendência.

Atualmente, o que se sabe é que a Alemanha terá de racionar gás e combustíveis nos próximos meses. A Europa vai junto.

Também em abandono à agenda ESG, os alemães recentemente começaram a destruir uma floresta de 12 mil anos para extrair carvão.

Mais: Alemanha e Holanda irão explorar gás no Mar do Norte.

Como era de se esperar, os preços do diesel e da gasolina recentemente bateram recorde histórico absoluto nos EUA e na Europa.

Para concluir

Recentemente, Vladimir Putin disse que o grande culpado da alta inflação de preços no Ocidente é o governo americano, que imprimiu muitos dólares.

Errado ele não está — muito embora ele próprio também seja culpado, em decorrência de sua invasão da Ucrânia.

Deixando as ideologias e as paixões políticas de lado, um indivíduo minimamente sensato consegue entender que a carestia atual tem o seguinte roteiro:

1) Os lockdowns impostos pelos governos em resposta à Covid-19 levaram a um programa inaudito de expansão monetária. Os EUA lideraram o movimento. Todos os demais países do mundo tolamente copiaram (confira todos os detalhes aquiaqui e aqui). 

2) A impressão de 7 trilhões de dólares pressionou os preços das commodities, que começaram a encarecer em dólares.

3) A oferta de commodities energéticas, que já vinha sendo restringida pela agenda ESG, foi asfixiada pela guerra na Ucrânia, a qual também pressionou ainda mais as commodities alimentícias.

4) Em decorrência desta carestia, vários países passaram a banir a exportação de commodities, pressionando ainda mais os preços.

Estamos vivenciando uma aula, ao vivo e em tempo real, de como intervenções na economia — as quais começaram com “aquecimento global” e “fique em casa pela saúde” — geram consequências não-premeditadas e desastrosas.

A catástrofe é mundial. Nenhum país está blindado, e nenhum país tem como se proteger isoladamente.

Os indivíduos de baixa renda serão, é claro, os mais afetados pelas “elites bem-pensantes” que implantaram isso tudo.

Tratar de gastos com o Judiciário, sem dúvidas, é um dos grandes problemas enfrentados pela sociedade brasileira, um setor que se comporta dentro de uma sociedade com mais proveitos que os demais indivíduos, criando mecanismos de autodefesa que tornam impossível equiparar os gastos públicos, fomentando privilégios e a falta de percepção de que a lei é para todos. O Brasil se tornou um país onde quem detém mais poder legisla para si mesmo.

“Em partes” o Brasil se modernizou, mas deixou para trás o Judiciário, um setor muito resistente a reformas. Ao longo do tempo, muitos de seus integrantes se tornaram uma casta privilegiada, longe do contexto de respeito a um país democrático. Só prosperaremos como nação quando nós como indivíduos não nos sobrepusermos aos outros indivíduos; as responsabilidades e direitos dentro de uma sociedade têm que servir para todos.

Quando um órgão público decide legislar para si, ele se torna caro, injusto e ineficiente. O setor do Judiciário demanda R$100 bilhões de reais por ano, representa 1,3% do PIB, um gasto desproporcional 10 vezes maior que o da Argentina (0,13% PIB), 6 vezes o gasto do Chile (0,22% PIB) e 4 vezes maior que o da Alemanha (0,32% PIB). A questão é: toda essa bonança fiscal não se converte de maneira produtiva para a população brasileira?

Um Judiciário caro e lento

Existem 80 milhões de processos judiciais no país sem solução. A quantidade de processos judiciais no Brasil para cada mil habitantes é quase cinco vezes superior à de Alemanha, Áustria, Israel e Suécia. Por tamanha complexidade na judicialização, a taxa de congestionamento nos tribunais é superior a 70%, trazendo um retardo de anos para que as ações sejam julgadas. Em média, um processo só para sair da primeira instância demora quase 5 anos. Nesse sentido, com base em estudo feito pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, “Estudo da Imagem do Judiciário Brasileiro”, 54% da sociedade acha mal ou muito mal o funcionamento do Judiciário e para 64% dos entrevistados o que mais desmotiva as pessoas a procurarem a justiça é o fato de ela ser muito lenta e burocrática.

Se gastamos tanto com a justiça, é de se esperar que esse valor gasto retorne de maneira produtiva para os cidadãos. Bom, temos o inverso. Segundo um relatório do World Justice Project: Rule of Law Index 2021, o Brasil tem perdido posições no ranking mundial dos melhores sistemas de Justiça Civil. O país passou a ocupar a 75ª posição na classificação entre os 139 países pesquisados – caímos cinco posições comparando o levantamento anterior.

Sobre a possibilidade e facilidade para acessar a Justiça pela população, medindo até pessoas que já conhecem como acessar a justiça e condições de obter assessoria jurídica, ficamos com a 41ª posição.

É assustador o indicador da Justiça Civil comparado à eficiência e à aplicação das decisões judiciais: o país aparece em 116º entre os 139 países. Apresentou índices precários como no quesito celeridade e ausência de atrasos injustificados: 114ª posição. Também estamos deixando a desejar no critério de eficiência, eficácia e ausência de corrupção e mecanismos alternativos de resolução de conflitos: o Brasil apareceu na 78ª colocação.

Países que gastam menos com o Judiciário e têm uma melhor Justiça Civil comparando ao Brasil: Alemanha (3º), Portugal (25º), Espanha (27º), Chile (39º) e Estados Unidos (41º).

Justificativa de nossos magistrados por ter um sistema tão lento

Para alguns magistrados, como o Ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, o que torna a Justiça brasileira lenta é a falta de recursos. Uma afirmação não justificada comparando a quantidade de valor gasto de R$80 bilhões e 1,3% do PIB – sem contar a quantidade de mão de obra disponibilizada de pessoal para o setor: são corpo de servidores, assessores, terceirizados, cedidos e afins.

É uma enorme força de trabalho que soma cerca de 412.500 funcionários no Brasil e equivale a 205 deles para cada 100.000 habitantes. Comparando esse indicador, temos uma quantidade de mão de obra mais elevada relativamente a outros países, como se pode observar no gráfico abaixo.

Temos um gargalo com a própria insegurança legislativa brasileira. Só a Constituição de 1988 já recebeu dezenas de emendas. A base da ordem jurídica são as leis e, se as leis são alteradas constantemente, os cidadãos acabam recorrendo demais ao Poder Judiciário em busca da segurança. Só que o Judiciário não tem condições de dar essa segurança, porque muitas vezes, quando acaba o julgamento de uma questão, as leis em que ele se baseou já foram substituídas por outras.

Outro agravante é que 51% dos 95 milhões de processos em andamento no Brasil são ações para recuperação de valores representados por pessoas e empresas nos estados, municípios ou União – processos nomeados como execução fiscal, ações que não tramitam no Judiciário americano e Europeu. Esses processos também congestionam o Judiciário, representando 40% do total de casos pendentes. Resumindo: pessoas, empresas privadas e estatais respondem por uma quantidade obscena de ações judiciais em andamento no país e acumulam na Justiça demandas repetitivas, que poderiam ser solucionadas pelas agências reguladoras ou pela administração pública.

Tributamos demais e somos muito burocráticos. Isso gera uma alta inadimplência. Sem levar em conta o “Custo Brasil” para cumprir todas essas regras, que também causam inadimplência para sociedade.

Um setor resistente a reformas e sedento por gastos

É impressionante ao longo do tempo a sustentação de lobbies para justificar ou burlar o limite de teto salarial. É surreal o poder de pressão que tem nosso judiciário em questões de barganha. Foram criados vários mecanismos para conseguir burlar o limite do teto salarial, como auxílio moradia, dois meses de férias anuais,  adicional de férias, auxílios saúde, pré-escolar e verbas indenizatórias.

Recentemente, vimos juízes pressionando o ministro Fux por um reajuste de 5% caso o presidente desse aumento a servidores civis e militares. Falta um pouco de sensibilidade ao gasto público, já que, em média, um membro inicial do ministério público ganha 14 vezes mais que um trabalhador brasileiro; juízes e promotores ganham 23 vezes mais que um cidadão comum. Em países da alta corte da União Europeia, os juízes recebem, em média, 4 vezes a renda dos habitantes locais. Vivemos em um país completamente desconectado da realidade.

De acordo com um estudo feito pela Frente Parlamentar da Reforma Administrativa, cerca de 71% dos juízes do país ganham todo mês acima do teto. A cada dez salários de magistrados, sete superam o teto de R$ 39,2 mil, segundo o estudo. Nesse sentido, é possível ver casos rotineiros onde juízes chegam a receber R$80 mil em um único mês em 2021; valores pagos como “direitos eventuais” e a folha de mais de 200 magistrados superaram R$ 100 mil por mês.

Ainda tramitam projetos que podem aumentar o gasto do Judiciário, como aumento do número de juízes em tribunais regionais federais. Com as mudanças, a configuração dos TRFs fica assim:

  • TRF-1: 43 desembargadores (eram 27)
  • TRF-2 (RJ e ES): 35 desembargadores (eram 27)
  • TRF-3: 55 desembargadores (eram 43)
  • TRF-4 (Região Sul): 39 desembargadores (eram 27)
  • TRF-5 (CE, RN, PB, PE e SE): 24 desembargadores (eram 15)

Mesmo sem a reforma administrativa, é possível cortar gastos

Por mais que tenhamos uma redução de R$4,6 milhões, esses efeitos são devidos à sazonalidade pandêmica, efeito que provavelmente não teremos para este ano. A maior queda nos gastos de 38,8% foi registrada na rubrica despesa de capital, que abrange compra e aluguel de veículos, equipamentos e programas de informática, de imóveis e outros permanentes, além de obras e bens móveis. Os desembolsos foram reduzidos por conta do trabalho remoto.

“A mera readequação dos salários à média do funcionalismo e a adoção de uma jornada de trabalho de oito horas teriam um impacto notável sobre o funcionamento da justiça, tanto do ponto de vista das finanças quanto do da eficiência. O retrato do sistema judiciário brasileiro mostra que há espaço para fazer mais com menos. Resta às lideranças tomarem consciência disso, afinal é preciso encontrar soluções para a ineficiência pública que escapem das alternativas que só fazem aumentar o tamanho do Estado e, por consequência, os impostos.”

A PLN 19/21 demonstra a disparidade com o gasto público em nosso país. Para este ano de 2022, temos R$17,8 bilhões de gastos não obrigatórios com o Poder Judiciário, Poder Legislativo, Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União. Apenas com esse PLN é possível reduzir quase R$ 463 milhões de despesas não obrigatórias. É um desrespeito com o dinheiro público.

“Precisamos dar luzes aos custos dos poderes. A Justiça do Trabalho é importante, mas a sociedade está disposta a pagar um custo de R$ 21 bilhões por ano? Até porque a legislação do trabalho tem mudado de forma muito célere. Se o custo do Parlamento e da Justiça é alto, temos que reavaliar e rever”, disse o deputado Hugo Leal (PSD-RJ).

Conclusão

Temos problemas ligados a indicadores de eficiência que não justificam todo esse excesso com o dinheiro público. Um Judiciário que custa uma fortuna comparado a outros países mundo afora, com 54% da sociedade achando mal ou muito mal o funcionamento do serviço prestado e para 64% das pessoas o que mais desmotiva a procurarem a justiça é: a justiça é muito lenta e burocrática. Impossível a funcionalidade de um sistema com esses problemas.

O CNJ deveria atuar com mais rigor ou autonomia. Frequentemente vemos juízes driblando o Congresso, garantindo vantagens e mais bônus pelo CNJ.  Há muito pagamento de benefícios pouco relacionados com a produtividade.

“O CNJ como órgão censor e de administração da Justiça para efeito de dar celeridade à atividade jurisdicional praticamente acabou. As associações viraram verdadeiros sindicatos, preocupando-se exclusivamente com o benefício para os magistrados. Elas não se preocupam absolutamente com a imagem dos magistrados, com a eficiência da Justiça. Isso não interessa”, disse Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça.

O país segue com o mesmo problema de sempre, não traz propostas que deram certo em outros países, persistimos em fórmulas precárias e uma falta de governança para avaliar quais sistemas ainda funcionam ou não.

Como disse Ruy Barbosa: “Justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta.”

Fontes:

Fundação Getúlio Vargas. “Estudo da Imagem do Judiciário Brasileiro”. 2019.

CHEFE DO STF GANHA 79% MAIS QUE EQUIVALENTE NOS EUA

https://www.transparencia.org.br/

Juízes do STF já ganham mais que colegas europeus, mesmo antes de reajuste aprovado hoje

Brasil gasta mais de R$ 100 bilhões por ano com Judiciário

A Justiça mais cara do mundo

Justiça gastou R$ 475 por brasileiro em R$ 2020, R$ 25 a menos do que em 2019

  Juízes driblam Congresso, garantem vantagens no CNJ e buscam mais bônus

Comissão aprova corte de 2,6% nas despesas do Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria

Em 2020, Judiciário teve maior redução de acervo já registrada

Vai à sanção aumento de número de juízes em tribunais regionais federais

Juízes estaduais e promotores: eles ganham 23 vezes mais do que você

Os supersalários dos magistrados no Brasil

 Por que a Justiça brasileira é lenta?

80 milhões de processos estão parados no Brasil

https://sindicatodosadvogados.com.br/denuncia-tj-rj-tem-restaurantes-que-fazem-refeicoes-exclusivas-e-gratuitas-para-magistrados/
O reestabelecimento dos fatos enquanto determinantes de conceitos é o dever máximo do jornalista. Este é um artigo de quem discorda de ideias, mas incapaz de negar a importância da ex-governadora Roseana Sarney para a política maranhense e seu simbolismo para a emancipação feminina.

Pelos feitos, pelos números e pelas conquistas — pelo menos aos afeitos à realidade —, a ex-governadora Roseana Sarney é um símbolo indiscutível de força. Não apenas na política, mas na vida pessoal. Neste início de abril ela passou pelo 25º procedimento cirúrgico ao longo de 69 anos. Venceu. Como quase tudo o que se predispôs, Roseana venceu. Infelizmente essa força foi obscurecida por uma rede de intrigas e mentiras de adversários. Você está preparado para algumas verdades sobre Roseana Sarney?

POLÍTICA

Roseana é nascida nos tempos em que a mulher não contava com todo o apoio e proteção que conta hoje. Mesmo assim, optou por seguir carreira em um ramo incomum para as mulheres: a política. Se hoje, com cotas, incentivos financeiros e leis, ainda é baixa a participação feminina na política, imaginem quando Roseana começou. Antes de tudo isso, em um mundo sem qualquer tipo de incentivo ou compensação, Roseana Sarney cravou seu nome entre os mais vencedores políticos do Maranhão. 

E antes de qualquer comentário sobre “privilégio” de berço, um lembrete: Roseana é a única mulher entre os filhos do ex-presidente José Sarney. Inclusive, possui uma relação de independência em relação ao pai. Situação que, para seus detratores, é vista como “insubordinação”.

Um exemplo cristalino de que mentes fechadas pelas mentiras de seus adversários não são capazes de aceitar a realidade. Se este for o seu caso, pare por aqui. A realidade tende a ser desinteressante aos habitantes de castelos calúnias. Voltemos… 

Foi a única mulher eleita deputada federal em 1990 pelo Maranhão. Única mulher e mais votada entre todos os eleitos. Quatro anos depois foi a primeira mulher eleita governadora do país. Depois foi eleita senadora da República. Nenhum homem, e nenhuma mulher também, teve tantos votos e apoio popular quanto Roseana Sarney teve no Maranhão nos últimos 30 anos.

Um sucesso que evidentemente sempre foi acompanhado pela inveja de seus adversários. E aqui uma dessas ironias da vida. Muitos dos vermelhos que hoje ficam com os olhos lacrimejados ao falar da condição feminina na política e da necessidade de valorização da mulher, passaram décadas caluniando, difamando, menosprezando e denegrindo das formas mais repugnantes a imagem da pessoa que melhor simbolizava a participação da mulher na política maranhense. Coisas da esquerda.

Roseana sofreu dos seus adversários os ataques mais baixos e vis que o leitor puder imaginar. E não recordo de choro, não recordo de vitimização ou de reclamação. A resposta sempre vinha de quatro em quatro anos com uma surra nas urnas. Atacada em sua honra, a ex-governadora costumava revidar humilhando seus detratores nas eleições.

VANGUARDA

Em um estado de personalidade administrativa nula, em que todos os eleitos copiam o modelo de gestão de seus antecessores, Roseana encabeçou uma revolução na gestão pública do estado em 1994. Mudou drasticamente a estrutura de governo. Implantou novas técnicas de gestão, descentralizando decisões e modernizando diversos procedimentos.

“Linhares, para com isso”. Pois bem, mais um dado da realidade aos incrédulos: De 1994 até 2020 foram eleitos milhares de prefeitos e outros tantos governadores. De absolutamente todas as correntes políticas. Absolutamente nenhum deles teve capacidade, coragem e força política de promover a modernização administrativa que Roseana promoveu entre 1994 e 2000.

Inclusive, o último governador eleito em 2014 e reeleito em 2018, prometendo romper com o passado e revolucionar o estado, simplesmente não mudou absolutamente NADA dos protocolos e estrutura administrativa herdadas de… Roseana.

O governo de Roseana Sarney entre 1994 e 2002 pode ser medido por um fato: ela liderava absolutamente todas as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República até o famigerado Escândalo Lunus. Se não fosse o caso, além e ter sido a primeira mulher eleita governadora, também seria a primeira mulher eleita presidente.

A situação é entendida por muitos como uma artimanha do ex-ministro José Serra para tirar Roseana da disputa. Pois bem, se fosse hoje as coisas seriam diferentes? Quem sabe o ataque contra a candidatura de Roseana fosse entendida como um ataque contra mulher? Claro que não! Roseana não serve à causa.

RECAPITULANDO

A enxurrada de fatos afunda qualquer embarcação de mentiras.

A mulher que rompeu a barreira do preconceito e tornou-se a 1ª governadora da história; a mulher que ocupou o lugar mais alto na política do estado por décadas; a mulher que comandou a modernizou a administração pública estadual; a mulher que resgatou a cultura popular local e deu a ela o brilho que possui hoje; a mulher que conseguiu conciliar tudo isso com a família; a mulher que em meio a tudo isso ainda teve forças para enfrentar seguidos problemas de saúde e vencer todos…

Como assim uma mulher dessa não é símbolo máximo da força da mulher no estado? Não sei. Sinceramente, eu não sei. Perguntem aos ativistas, feministas e jornazistas. Quem sabe eles apresentem alguma resposta rebuscada, complexa, abstrata e, com certeza, completamente errada. Porque no mundo real, meus caros e caríssimas, povoado por pessoas saudáveis e afeitas à verdade, Roseana Sarney é a mulher mais vencedora que a política do Maranhão já produziu.

P.S.: Além de tudo o que foi exposto, também há uma outra prova cabal da importância de seu legado: há muito homem no Maranhão louco para ser Roseana. Louco para ser governador por quatro vezes, louco para ser presidenciável, louco para ser senador, louco para ter o abraço efusivo do público e a simpatia da classe política enquanto a lidera de forma inconteste. Só que não.

Nunca será Roseana. Nem como mulher/pessoa e muito menos como liderança política.

Propaganda