BRASIL, 05 de fevereiro de 2024 – O Brasil terminou o ano passado com um déficit de US$ 28,6 bilhões em suas transações correntes com o exterior (uma conta que reúne a balança comercial, a balança de serviços e as transferências de recursos), segundo dados divulgados nesta segunda (5), pelo Banco Central.
Este é o melhor desempenho anual desde 2020, quando o saldo foi negativo em US$ 28,207 bilhões. Em 2022, o resultado foi deficitário em US$ 48,253 bilhões – dado revisado pelo BC.
Por outro lado, a entrada de Investimentos Diretos no País (IDP) somou US$ 61,952 bilhões em 2023, equivalentes a 2,85% do Produto Interno Bruto (PIB). O número representa uma queda de 17% nos investimentos estrangeiros no País em relação a 2022, quando o montante havia sido de US$ 74,606 bilhões – dado atualizado hoje pelo BC.
O desempenho foi o pior desde 2021, quando a entrada desses recursos somou US$ 46,439 bilhões no acumulado do ano. A estimativa do BC para 2023 era de IDP de US$ 60 bilhões, projeção que foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.
Mas, segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, o ponto positivo é que o IDP segue bem superior ao déficit em conta corrente – o investimento direto externo costuma financiar o saldo negativo das transações correntes.
De acordo com Rocha, a principal queda do IDP em 2023 ocorreu em operações intercompanhias. O recuo de um ano para o outro foi de 48%, segundo ele. Ele disse também que, para esses investimentos, importa muito mais a perspectiva de crescimento do País no longo prazo do que os dados correntes.
“Quando o País cresce, espera-se que o IDP cresça, mas pode ter alguma defasagem. Não é apenas o resultado corrente que importa, mas a perspectiva do crescimento do país, inserção global, retorno etc.”, disse.
Para 2024, há perspectiva de aumento do IDP pelo Banco Central. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, a projeção da instituição é de ingressos de US$ 70 bilhões.