
MARANHÃO, 28 de maio de 2025 – O presidente Lula (PT) propôs à China, em maio, o uso da base de Alcântara (MA) para lançar os próximos satélites do programa conjunto Cbers. O assunto foi tratado com o líder chinês Xi Jinping durante visita oficial a Pequim.
A iniciativa busca fortalecer a cooperação espacial entre os dois países e estabelecer uma cadeia de suprimentos para modernizar a base brasileira.
Contudo, a proposta enfrenta entraves relevantes. A China não tem tradição de realizar lançamentos fora de seu território e, até hoje, só fez isso uma vez: em 2012, com um foguete Longa Marcha 2D, que colocou o satélite venezuelano VRSS-1 em órbita a partir da Guiana Francesa.
Apesar disso, não há uma proibição formal para lançamentos externos, mas a proteção à tecnologia nacional e a infraestrutura consolidada no país dificultam a negociação.
OBSTÁCULOS DIPLOMÁTICOS
Outro fator que pode comprometer o plano brasileiro é o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas firmado com os Estados Unidos em 2019.
O documento determina que apenas países integrantes do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR) podem operar lançamentos a partir da base de Alcântara. A China, no entanto, não é signatária desse acordo, o que limita sua participação no local.
De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, essa barreira só poderia ser superada se o lançamento fosse feito com tecnologia brasileira. Contudo, o país ainda não desenvolveu foguetes com capacidade para realizar lançamentos orbitais por conta própria.
HISTÓRICO DA PARCERIA ESPACIAL
A parceria sino-brasileira no programa Cbers já resultou no lançamento de seis satélites, todos com foguetes chineses a partir da base de Taiyuan, localizada a cerca de 760 km de Pequim.
Os próximos satélites da série já têm função definida: o Cbers-6, previsto para 2028, e o Cbers-5, programado para 2030, serão voltados ao monitoramento climático e ambiental.
As discussões sobre a possibilidade de uso da base de Alcântara devem continuar em julho, quando o presidente Xi Jinping visita o Brasil para participar da Cúpula do Brics.
Até lá, técnicos dos dois países devem avaliar os aspectos técnicos e diplomáticos envolvidos na proposta.