
RIO DE JANEIRO, 22 de agosto de 2025 – O ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e junho de 2024, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
As informações embasaram o inquérito da Polícia Federal que indiciou Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no caso relacionado ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil.
De acordo com a Polícia Federal, no período de 1º de março de 2023 a 7 de fevereiro de 2024, foram identificados R$ 30,5 milhões em créditos e R$ 30,5 milhões em débitos. O relatório aponta ainda cerca de 50 comunicações de movimentações atípicas envolvendo Bolsonaro, Eduardo e a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.
Entre as comunicações registradas, quatro operações foram vinculadas diretamente às contas de Bolsonaro e outras quatro às de Eduardo. As demais 42 operações ocorreram em contas de terceiros ligados ao ex-presidente. Para os investigadores, os indícios apontam possíveis práticas de lavagem de dinheiro ou outros ilícitos.
Entre as operações citadas está a transferência de R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. O repasse ocorreu em 13 de maio deste ano e foi confirmado pelo ex-presidente. O valor integra os R$ 19 milhões recebidos em doações via Pix entre 2023 e 2024.
Outro repasse identificado foi de R$ 2 milhões da conta de Bolsonaro para Michele Bolsonaro. A quantia, segundo a Polícia Federal, não foi informada pelo ex-presidente durante depoimento prestado no curso das investigações.
O relatório também menciona operação de câmbio de R$ 1,6 milhão em nome de Eduardo Bolsonaro para uma conta no banco Wells Fargo, nos Estados Unidos. O registro foi feito em 26 de maio de 2024 e, conforme a corretora, a origem declarada do valor foi uma doação de Jair Bolsonaro.
Além dessas transações, os dados do Coaf registraram despesas de R$ 6,6 milhões com dois escritórios de advocacia, custeadas por Jair Bolsonaro no mesmo período. O relatório não apontou ilegalidade na origem dos recursos, mas manteve o registro de atipicidade das movimentações.
DEFESA
A defesa de Bolsonaro foi procurada e ainda não se manifestou oficialmente à Agência Brasil. Mais cedo, os advogados do ex-presidente afirmaram que foram surpreendidos com o indiciamento apresentado pela Polícia Federal.







