Duarte Junior aplica golpe nos golpistas

A política tem seus próprios rituais de execução, e nem sempre são barulhentos e gritantes. Às vezes, o fim chega disfarçado de declaração de apoio. Quando o deputado Duarte Junior veio a público apoiar o projeto de Orleans Brandão para 2026, citando a gratidão ao governador Carlos Brandão, ele não estava apenas escolhendo um lado. Ele estava jogando mais uma pá de cal sobre o futuro cadáver político de Felipe Camarão. Para entender a situação, é preciso entender a natureza da ambição de Camarão. O projeto de tornar-se governador nunca foi construído sobre pilares de liderança ou apoio popular. Foi erguido sobre a areia movediça da conspiração e do medo. Sua única esperança, sua tábua de salvação, era o caos: a expectativa de que Carlos Brandão seria removido do cargo à força por via judicial. Camarão nunca quis ganhar uma eleição, ele queria herdar um governo no tapetão. É aqui que a linguagem precisa ser brutalmente honesta. Se os aliados de Camarão estão abertamente afirmando que o trunfo para a vitória dele é um golpe, então são golpistas. Não há eufemismo que sanitize essa sacanagem. Quem planeja, defende ou espera por um golpe só pode ser chamado de uma coisa. Como costuma dizer Marco D’Eça: simples assim. Durante meses, essa aposta no caos manteve o cenário político maranhenses em suspense. O medo funcionava. Muitos dos aliados mais fiéis de Brandão hesitavam em levantar a voz e assumir um lado. Até o fim de outubro, muitos se calaram, receosos de que a trama palaciana vingasse. E nesse cenário de covardia generalizada, Duarte Junior era o símbolo perfeito do “indeciso”. Aquele que espera que as coisas se decidam para poder decidir-se. A decisão de Duarte é o atestado de que a estratégia do golpe está fazendo água. Felipe vive um delírio em que acredita ser protagonista. Fala pelos corredores que será candidato ao governo, como se palavras virassem votos. Mas se Braide estalar os dedos, ele recua. Se Brandão piscar, ele some. O vice só teria chance real se assumisse o governo e concorresse com a máquina na mão. O que, convenhamos, é o sonho secreto de quem gostaria que Brandão fosse o fantoche que se recusou a ser, e que Braide, com toda a esperteza, jamais aceitaria. Felipe já anunciou que aceitaria o prefeito como vice. Duarte explicou sua decisão com a palavra que mais falta no vocabulário dos golpistas de ocasião: gratidão. Disse que reconhece o apoio que recebeu de Carlos Brandão nas duas campanhas para a Prefeitura de São Luís (2020 e 2024) e que é hora de retribuir. Brandão foi o único que estendeu a mão, articulou apoios e ajudou o deputado a se firmar na capital, quando muitos do grupo de Dino preferiam vê-lo sangrar. O que está matando as pretensões de Camarão não é apenas a resiliência de Brandão, mas a própria podridão dos métodos utilizados por ele e seu grupo. O entorno do vice-governador se transformou em uma crônica policial de quinta categoria. Chantagens gravadas, falsificações grotescas, traições mútuas. Um espetáculo deprimente de amadorismo e desespero. A política foi substituída pela baixaria. Enquanto o grupo de Camarão se afoga em escândalos e histeria, Brandão joga o jogo da diplomacia e do convencimento. A escolha de Duarte mostra, de forma cristalina, qual método está prevalecendo. É a vitória da política sobre a conspiração. A ironia é dolorosa. Duarte Junior, o mesmo que foi abandonado por Camarão no lançamento de sua campanha em municipal em 2024, agora entrega a cabeça do vice em uma bandeja. Isso expõe a total incapacidade de Felipe Camarão de unir até mesmo aqueles que compartilhavam interesses momentâneos. O movimento de Duarte Junior não é apenas um apoio; é o início da debandada. É o sinal que não há mais medo de abandonar o barco furado de Camarão e correr para os braços de Orleans Brandão. O tempo está se esgotando, e a realidade se impõe de forma impiedosa. Para Felipe Camarão, a declaração de Duarte Junior não foi um revés político. Foi quase que um tiro de misericórdia. O sonho está acabando. Resta apenas aguardar o fim melancólico de uma candidatura que nasceu morta, sustentada artificialmente pela ilusão de um golpe que nunca veio. A debandada começou. E, no fim, Felipe Camarão vai descobrir da pior forma o que Duarte, e outros, já entenderam há muito tempo: em política, quem tenta dar golpe quase sempre é o primeiro a cair.
Bolsonaro é preso por eleitores organizarem vigília

BRASÍLIA, 22 de novembro de 2025 – A PF prendeu preventivamente o ex-presidente Bolsonaro na manhã deste sábado (22), em sua casa, em Brasília. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes. Segundo a investigação, a motivação foi o chamamento para vigílias religiosas organizadas por apoiadores do ex-presidente. Agentes chegaram cedo ao endereço e cumpriram o mandado sem uso de algemas, por determinação do Supremo. A PF conduziu o ex-presidente à Superintendência no Setor Policial Sul. A medida é cautelar e busca preservar a apuração em curso. Em virtude do teor da decisão, Bolsonaro não foi exposto na operação. O despacho de Alexandre de Moraes cita garantia da ordem pública e risco ao próprio preso. Investigadores apontam a convocação de vigília feita por Flávio Bolsonaro, com mensagens que pediam mobilização contínua. Dessa forma, a possibilidade de concentração diante da residência elevou o nível de alerta das autoridades. DECISÃO E PROCEDIMENTOS A prisão preventiva não tem prazo definido e fica sujeita à decisão judicial responsável. Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por decisão que considerou risco de fuga no processo que apura a trama golpista. Assim sendo, a nova medida substitui o regime domiciliar e mantém a custódia sob supervisão. Após a detenção, o ex-presidente passou por exames de criminalística e foi apresentado à unidade da PF. O local é cercado e possui controle de acesso, o que reduz a chance de aglomeração. Com efeito, a Polícia Federal reforçou protocolos de segurança para garantir a execução da ordem e a integridade de todos. A defesa pode apresentar questionamentos ao Supremo dentro do prazo processual informado. O calendário admite novos embargos e petições da parte interessada. Nesse ínterim, Bolsonaro permanece sob custódia preventiva, enquanto a PF dá sequência às diligências previstas no inquérito que embasa a decisão. Em setembro, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente e outros réus por tentativa de golpe e delitos correlatos. A pena total fixada para o ex-presidente foi superior a vinte anos, com embargos pendentes. Em síntese, o caso segue com atos processuais e medidas cautelares definidas conforme o andamento dos autos. Palavra-chave: Bolsonaro Legenda:PF prende preventivamente o ex-presidente em Brasília por risco de aglomeração ligado a vigília; ordem é do ministro Alexandre de Moraes.
Flávio Dino concede direito ao silêncio a investigado por CPMI do INSS

BRASÍLIA, 9 de outubro de 2025 – O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu parcialmente uma medida cautelar em favor de M.B.S.F., presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (SINDNAPI). O paciente havia sido convocado para prestar depoimento perante a CPMI do INSS no dia 9 de outubro de 2025, em Brasília, sendo o ato questionado pela defesa como constrangimento ilegal. A decisão do Ministro Flávio Dino, relator do Habeas Corpus 262.914, garante que o convocado não seja obrigado a produzir prova contra si próprio. A defesa do paciente alegou que M.B.S.F. figura como investigado de fato, considerando que o SINDNAPI é uma entidade citada em relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) e em apurações da Polícia Federal. Além disso, o conteúdo de requerimentos parlamentares e reportagens o apontam como envolvido em possíveis irregularidades no âmbito da “Operação Sem Desconto”. A defesa alegou que a convocação, formalmente como testemunha, estaria sendo usada como retaliação após sua recusa anterior em comparecer à Comissão. ENTENDIMENTO DO RELATOR MINISTRO FLÁVIO DINO Apesar de não haver nos autos comprovação de que o paciente figure como formalmente investigado em inquérito policial instaurado no STF, o Ministro Flávio Dino avaliou a plausibilidade da pretensão defensiva. Visto que os requerimentos e atos parlamentares sugerem a imputação de conduta potencialmente ilícita ao convocado, há indícios de que o depoimento possa expô-lo à produção forçada de prova contra si. CONDIÇÕES ASSEGURADAS NA OITIVA PELA CPMI DO INSS Portanto, a decisão do Ministro Flávio Dino defere a liminar para assegurar a M.B.S.F., em sua inquirição perante a CPMI do INSS: a) o direito ao silêncio, ou seja, de não responder, querendo, a perguntas a ele dirigidas; b) o direito à assistência plena por advogado durante o ato; e c) o direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores. O comparecimento obrigatório, contudo, foi preservado pelo STF, sob pena de ineficácia prática do próprio instituto das Comissões Parlamentares de Inquérito.
Por que Rodrigo Lago mantém um agressor condenado em cargo público?

SÃO LUÍS, 4 de outubro de 2025 – A política, dizem, é o teatro das hipocrisias, mas o roteiro do deputado Rodrigo Lago (PCdoB) cruzou a linha do escárnio: o parlamentar, que se veste de paladino na tribuna, sustenta em seu gabinete um assessor condenado duas vezes por crimes de violência contra a mulher e descumprimento de medida protetiva. É a foto brutal da dupla moral que assombra a Assembleia Legislativa, onde a retórica inflamada morre à porta dos gabinetes, revelando que a defesa dos direitos femininos, para alguns, é apenas uma estratégia de palco. O servidor Raimundo Nonato Ribeiro Neto foi sentenciado por crimes de violência contra a mulher e por descumprimento de medida protetiva. Incontestavelmente, a situação põe em cheque não apenas a ética do gabinete, mas a própria seriedade do discurso oposicionista que ele encarna. Os dados são inegáveis e estão registrados no Diário da Assembleia. Ocupando a função de secretário executivo, a permanência de Raimundo Nonato foi mantida pelo deputado, mesmo após o registro da condenação em segundo grau pela 3ª Vara Especial de Violência Doméstica e Familiar. Portanto, o fato central aqui não é a nomeação original, mas sim a opção consciente de mantê-lo em posição comissionada, remunerado com dinheiro público, após a Justiça ter se pronunciado de forma definitiva. Com efeito, essa decisão opera em total dissonância com a bandeira levantada por Lago. TENSÃO ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA A ficha criminal do servidor, com suas decisões transitadas em julgado, atesta que não se trata de um mero litígio, mas sim de crimes solidificados pelo veredito judicial. Nesse sentido, manter o condenado na folha de pagamento do Legislativo é percebido como um endosso tácito que minam a autoridade moral do deputado. A pergunta que se impõe, e que ressoa nos corredores da Casa, é esta: como pode um político que se posiciona como ferrenho combatente da violência contra a mulher, em seus atos práticos, decidir proteger um agressor já sentenciado? A denúncia, por outro lado, sugere um delicado exercício de pragmatismo político que supera o imperativo ético. Na luz das câmeras, Rodrigo Lago é o defensor de causas nobres; fora delas, o silêncio sobre a ficha do seu assessor revela uma tolerância conveniente. Além disso, o escândalo força o parlamentar a escolher entre o risco de manter a acusação de hipocrisia ou o custo político da exoneração imediata, que representaria uma admissão de erro. OS DESAFIOS INSTITUCIONAIS DA LIDERANÇA Ademais, a polêmica atinge o coração da instituição, desafiando a própria Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa. A presença de um condenado por violência contra a mulher em cargo comissionado confronta diretamente os valores de proteção que o Parlamento deveria simbolizar. A controvérsia coloca agora a primeira mulher a presidir a Assembleia, deputada Iracema Vale (PSB), diante de um dilema institucional que transcende a política partidária. A permanência do assessor afeta diretamente a credibilidade ética da Casa perante o eleitorado feminino. Em resumo, no vazio ensurdecedor da ausência de explicações do parlamentar, reside a implícita admissão de que, para alguns, a coerência discursiva pode ser uma variável negociável em detrimento de outros cálculos políticos.
Duarte Jr. destina R$ 500 mil para vale-livro em São Luís

SÃO LUÍS, 4 de outubro de 2025 – O deputado federal Duarte Jr. destinou R$ 500 mil em emendas parlamentares para a distribuição de vales-livro na Feira do Livro de São Luís (FeliS) 2025, medida que apoia o acesso ao conhecimento e a transformação social no Maranhão. O deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA) alocou R$ 500 mil, por meio de emendas parlamentares, para a distribuição de vale-livro durante a Feira do Livro de São Luís (FeliS) de 2025. A iniciativa visa beneficiar estudantes, professores e leitores, promovendo o acesso à leitura e o desenvolvimento cultural maranhense. Com efeito, a destinação de recursos para a feira é uma ação recorrente do parlamentar. O deputado tem concentrado esforços para que a leitura se torne um instrumento de inclusão e cidadania. Assim sendo, o aporte à FeliS, com a garantia do vale-livro, concretiza essa diretriz. Conforme declarações do parlamentar, a educação e a leitura representam ferramentas para a transformação social. IMPACTO CIENTÍFICO DA LEITURA Estudos demonstram que a prática constante da leitura está ligada ao desenvolvimento cognitivo e social dos jovens. De fato, o ato de ler estimula o senso crítico e a capacidade intelectual, permitindo ao indivíduo organizar ideias. A leitura não se limita à decodificação de símbolos, mas constitui a aquisição de conhecimento e a formação de um pensamento reflexivo, sendo essencial para a cidadania. DADOS DA FEIRA DO LIVRO A Feira do Livro de São Luís é o principal evento literário do Maranhão, atuando como um ponto de encontro entre o público e o mercado editorial. Em outras palavras, edições recentes do evento, como a 17ª FeliS, registraram o lançamento de mais de 100 obras, além disso, contaram com mais de 50 estandes e realizaram centenas de atividades culturais e formativas. Em suma, com os R$ 500 mil garantidos para o vale-livro, a FeliS de 2025 deverá ampliar o incentivo à leitura e fortalecer a rede educacional. O deputado reforça que manterá a destinação de emendas parlamentares para projetos que estimulem o conhecimento, a leitura e o desenvolvimento dos jovens maranhenses. A distribuição de vale-livro é uma das ações para alcançar este objetivo.
Decisão de Dino suspende PGJ e beneficia Ana Clara Alcântara

SÃO LUÍS, 23 de setembro de 2025 – O ministro Flávio Dino, do STF, suspendeu na sexta-feira (19) o procedimento aberto pela PGJ do Maranhão sobre suposta negociação para escolha de conselheiro do TCE. A decisão interrompe a apuração local enquanto a PF conduz investigação criminal sobre os mesmos fatos envolvendo Ana Clara Alcântara. Em agosto, a pedido do governador Carlos Brandão, a PGJ instaurou procedimento administrativo para apurar possíveis irregularidades em aposentadorias e indicações ao TCE. A oitiva por vídeo de Ana Clara Alcântara foi marcada para setembro; contudo, não se realizou, pois a suspensão ocorreu na mesma semana e travou os atos seguintes. O procedimento se aproximava de Ana Clara Alcântara. Assim sendo, a diligência prevista buscava colher sua versão no contexto da ação que questiona o rito de escolha pela Assembleia. A decisão do STF, por conseguinte, sustou essa etapa e condicionou novos movimentos à coordenação com a apuração já a cargo da PF. ÂMBITO E COMPETÊNCIA A PGJ informou ao Supremo que o procedimento tinha caráter administrativo, em paralelo à investigação criminal conduzida pela PF. Em virtude disso, Flávio Dino suspendeu o trâmite local. Dessa forma, preserva-se a competência da apuração federal e evita-se duplicidade de diligências sobre os mesmos fatos. O caso avança enquanto o TCE do Maranhão mantém duas cadeiras vagas há cerca de um ano e meio. O debate sobre aposentadorias e indicações começou em março de 2024 e, desde então, acumulou atos e impugnações. Por isso, a coordenação entre esferas é apontada como necessária para assegurar rastreabilidade e efetividade. PRÓXIMOS PASSOS E IMPACTO Com a suspensão, atos e oitivas no procedimento da PGJ ficam parados até nova decisão. A PF segue com diligências criminais. A defesa e a própria Ana Clara Alcântara poderão ser chamadas no curso da investigação federal, a saber, conforme necessidade probatória e agenda definida pelas autoridades.
Diretor do SGB de Inácio Melo, marido de Eliziane Gama, é preso

BRASÍLIA, 19 de setembro de 2025 – A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (17) o diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil, Rodrigo Teixeira, em operação que apura organização criminosa no setor de mineração. A investigação aponta corrupção, lavagem e dano ambiental com prejuízo de R$ 1,5 bilhão. O SGB é empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia e é presidido por Inácio Cavalcante Melo Neto, marido da senadora Eliziane Gama. Em virtude da função estratégica, Rodrigo Teixeira integraria decisões sensíveis. Por conseguinte, sua atuação é foco central das diligências da PF. Segundo a PF, o grupo usava empresas interpostas e articulava licenças ambientais fraudulentas. Houve 22 mandados de prisão e 79 buscas. Também foi preso o diretor da Agência Nacional de Mineração, Caio Mário Trivellato Seabra Filho. A apuração mapeia vínculos societários e fluxos financeiros que incluem Rodrigo Teixeira. VALOR E LIGAÇÃO COM O SGB A PF estima ganhos ilícitos de ao menos R$ 1,5 bilhão e identificou projetos com potencial superior a R$ 18 bilhões. Assim sendo, a análise concentra contratos, licenças e pagamentos sob gestão do SGB. Nesse eixo, Rodrigo Teixeira aparece como diretor responsável por áreas administrativas e financeiras. Em outras palavras, o caso une volume expressivo de recursos e posição relevante na estrutura do SGB. Com efeito, novas perícias e oitivas devem definir responsabilidades. A defesa de Rodrigo Teixeira poderá se manifestar no curso do processo, conforme garantias legais e o devido contraditório.
Emendas Pix de Márcio Jerry em Ribamar podem complicar Dino

SÃO LUÍS, 15 de setembro de 2025 – O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) destinou emendas parlamentares para a Prefeitura de São José de Ribamar, cuj.ç.a empresa de seu filho, Caetano Azevedo Saraiva Barroso, presta serviços. As transações levantam suspeitas sobre a aplicação de recursos públicos e possíveis conflitos de interesse. A empresa Fênix Serviços e Construção Civil Ltda. (anteriormente Eireli) tem sido uma beneficiária recorrente de contratos com o município, totalizando milhões de reais. A situação ganha ainda mais complexidade com a constatação de que Márcio Jerry é empregador de Daniela Farias de Araújo Lima, esposa de Flávio Dino, que atua como secretária parlamentar em seu gabinete desde 2022, com um salário bruto de R$ 17.638,64. Ela é esposa do ministro Flávio Dino, que tem atuado ferozmente contra as chamadas “emendas Pix”. Dino tem sido enfático na investigação e suspensão de repasses de emendas parlamentares com suspeitas de irregularidades e falta de transparência. As relações entre Dino e Jerry vem de longe. A esposa do deputado, Joslene da Silva Rodrigues (Lene Rodrigues), foi chefe de gabinete de Dino quando ele era governador do Maranhão, e Jerry atuou como secretário em sua gestão. CAPINANDO MILHÕES A Fênix Serviços e Construção Civil Ltda. (CNPJ: 21.169.676/0001-83) foi adquirida pelo filho do deputado Márcio Jerry, Caetano Azevedo Saraiva Barroso, ocorreu oficialmente em 4 de abril de 2023. Na época da aquisição, a Fênix Serviços possuía um contrato em andamento com a Prefeitura de São José de Ribamar. No “Comprovante de Inscrição e Situação Cadastral da Fênix Serviços”, a empresa é classificada como EPP (Empresa de Pequeno Porte) e sua atividade principal é “Limpeza em prédios e em domicílios”. Atualmente, Caetano Azevedo Saraiva Barroso figura como Sócio-Administrador da empresa, com um capital social de R$ 500.000,00, conforme o “Quadro de Sócios e Administradores (QSA)”. O contrato inicial da Fênix Serviços com a Prefeitura de São José de Ribamar, de número 05/2022, foi assinado em 25 de fevereiro de 2022, com um valor estimado de R$ 1.530.855,60, para a prestação de serviços de capina, roçagem mecanizada e recuperação de passeios, com vigência de 12 meses. Posteriormente, em 24 de fevereiro de 2023, foi formalizado o “Primeiro Termo Aditivo ao Contrato Administrativo nº 05/2022-SEMOSP”, prorrogando a vigência por mais 12 meses, até 25 de fevereiro de 2024, para a continuidade dos mesmos serviços de capina e roçagem. O valor global deste contrato, com o aditivo, alcançou R$ 3.061.711,20. A necessidade de prorrogação foi justificada pela continuidade dos serviços e pela ausência de equipe própria na prefeitura. Os pagamentos à Fênix Serviços e Construção Civil Eireli/Ltda pela Prefeitura de São José de Ribamar totalizaram R$ 2.070.974,36 em 2023, ano em que foi adquirida pelo filho do parlamentar. Em 2024, mesmo após o término da vigência do aditivo em fevereiro, foram feitos pagamentos de R$ 706.483,29 à empresa. Esses pagamentos de 2024 referenciam o “contrato Nº 94/2022 (do aditivo de 2023)” e o “PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 19/2024-SEMTUR”, para o qual não foram localizadas mais informações. Isso sugere que a prefeitura utilizou um “processo interno” para continuar realizando pagamentos à empresa, mesmo após o contrato ter vencido. DE PAI PARA FILHO? A uma primeira vista, a atuação de caetano Azevedo no negócio de capinagem pode indicar apenas um bem-sucedido empresário do setor. A não ser pelo fato de que os cofres da Prefeitura que injetam milhões nas contas da empresa são abastecidos com recursos públicos destinados ao município pelo seu próprio pai, o deputado federal Mácio Jerry. O deputado Márcio Jerry direcionou uma emenda individual para São José de Ribamar no valor de R$ 1.000.000,00, datada de 5 de julho de 2023. Apenas três meses após a empresa ser adquirida pelo filho. Esta emenda, identificada como nº 202338930005, é descrita como uma “TRANSFERENCIA ESPECIAL” e apresenta “Grupo da fonte de recursos 0 – Codigo Inexistente No Siafi” e “Modalidade da Licitação Não se Aplica”. Essas características são indicativos de uma “emenda Pix”, que permite o repasse de recursos federais diretamente aos cofres municipais sem detalhamento prévio do uso. O valor total dessa emenda foi pago integralmente em 2023, com duas ordens bancárias: R$ 830.872,50 em 2 de outubro de 2023 e R$ 169.127,50 em 11 de dezembro de 2023. Além da emenda de R$ 1 milhão de 2023, Márcio Jerry destinou mais recursos para o Fundo Municipal de Saúde de São José de Ribamar em 2024. Foram duas emendas: uma de R$ 601.793,00 (nº 202438930001) para incremento temporário ao custeio de serviços de assistência hospitalar e ambulatorial, e outra de R$ 750.000,00 (nº 202438930002) para incremento temporário ao custeio de serviços de atenção primária à saúde. O total de emendas de Márcio Jerry para São José de Ribamar, entre 2023 e 2024, soma R$ 2.351.793,00. Coincidência, ou não, o valor é bastante próximo do montante total que a empresa de seu filho recebeu da prefeitura. DEIXA PARA LÁ! O que torna a situação ainda mais questionável são os eventos de 2024. O aditivo contratual da Fênix, que deveria ter garantido os serviços até fevereiro de 2024, simplesmente expirou. Contudo, os pagamentos à empresa do filho de Jerry não cessaram. Entre 22 de fevereiro e 29 de julho de 2024, a Fênix Serviços e Construção EIRELI recebeu mais R$ 706.483,29 em empenhos da prefeitura. A justificativa para a continuidade desses pagamentos após o término formal do contrato é nebulosa. Os registros indicam referências a um “PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 19/2024-SEMTUR” e, conforme conversas apuradas, a um “processo interno que só aparece nos pagamentos”, sem que documentos formais de um novo aditivo que justificasse esses pagamentos subsequentes tenham sido localizados. Além disso, havia um “pedido de prorrogação de prazo” para os serviços de capina e roçagem assinado por Thyago Macedo de Araújo, Secretário Adjunto de Serviços Públicos, o que mostrava a intenção de manter os serviços ativos. A ausência de transparência nos pagamentos de 2024, após o vencimento do contrato principal, representa um convite aberto para os órgãos de controle investigarem a fundo a idoneidade desses “processos internos” e a destinação