
SÃO LUÍS, 10 de março de 2025 – A Academia Maranhense de Letras (AML) manifestou-se contra a possível mudança de nome do Hospital Nina Rodrigues, em São Luís. Em carta divulgada no dia 27 de fevereiro, a instituição defendeu a permanência da homenagem ao médico e antropólogo maranhense, reconhecido por suas contribuições científicas.
O debate surgiu após uma ação popular questionar a moralidade da homenagem, citando supostas ideias eugenistas e racistas em sua obra.
A AML, presidida por Lourival Serejo, argumentou que Nina Rodrigues foi um dos fundadores da antropologia criminal no Brasil e deixou um legado de mais de 60 obras publicadas. Entre elas, destacam-se “Regime alimentar no Norte do Brasil” (1881), “A Morféia em Andajatuba” (1886) e “O alienado no Direito Civil brasileiro” (1901).
Além disso, ele atuou como médico, dedicando-se ao atendimento de populações vulneráveis, o que lhe rendeu o título de “Doutor dos Pobres”.
A carta da AML ressaltou que Nina Rodrigues é patrono da Cadeira nº 3 da instituição e também da Cadeira nº 39 da Academia de Medicina da Bahia. Sua obra, segundo a Academia, está registrada na história da imprensa maranhense, baiana e em periódicos internacionais.
A instituição afirmou que apagar sua contribuição sob o argumento de revisionismo histórico seria desconsiderar sua relevância para a ciência e para o país.
A AML destacou que reconhece e respeita as lutas contra o racismo e as injustiças sociais. No entanto, defendeu que a preservação da memória de Nina Rodrigues não deve ser confundida com a conivência com práticas discriminatórias.
A instituição reforçou que a mudança do nome do hospital seria um apagamento de sua trajetória e contribuições.