BARBARIDADE

O professor da UFMA denunciado por abuso sexual

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Três alunas relataram episódios de abuso e assédio durante as aulas do professor Jadir Lessa.

Na sexta (8), a Universidade Federal do Maranhão divulgou uma nota comunicando o afastamento do professor Jadir Machado Lessa por 180 dias, após a denúncia de abuso sexual que teria sido cometido contra estudantes. 

O comunicado da universidade surpreendeu, pois não havia comentários sobre esse caso gravíssimo recentemente.

Lessa é Pesquisador e Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da UFMA e ensina na graduação e na pós-graduação.

Três alunas relataram episódios de abuso e assédio durante as aulas do professor.

Para segurança das estudantes, elas não quiserem se identificar. Então, vamos usar nomes fictícios para identificar as denunciantes.

Joana ( nome fictício) confessou que foi aluna do docente no período em que existia um projeto que fazia parte da disciplina de psicologia. A ideia era ajudar as pessoas que buscavam dar sentido para vida. Joana detalha que, nos primeiros meses, Jadir era cuidadoso. Preocupada com o aprendizado. Ele apresentava ser um professor muito dedicado a profissão. Joana era estimulada por Jadir a compreender melhor a si mesma e a superar tabus, com o intuito de fazê-la crescer enquanto profissional.

Seus interesses foram mudando. Jadir passou a deixar os trabalhos da monitoria de lado e começou apenas a conversar comigo. (…) Até que ele começou a falar de minha vida sexual, dos meus relacionamentos íntimos. Durante uma dessas conversas, ele disse que queria ver o quanto eu já tinha me libertado de amarras e julgamentos, e me desafiou a mostrar meus seios”.

A estudante explica que o professor usou o argumento de que mulheres empoderadas, donas de si, mostravam os seios por vontade própria e que não se preocupava com os julgamentos. Porém a jovem disse que, apesar de admirar aquelas mulheres, não estava preparada para fazer a mesma ação.

“No final desta reunião, quando estávamos indo embora, eu perguntei a ele como eu estava me saindo na monitoria, se precisava melhorar. Ele me respondeu dizendo que estava muito contente comigo, extremamente impressionado com minha dedicação e trabalho, mas que, no teste final, eu reprovei”, lembrou.

Joana afirma que Jadir justificava as ações que praticavam como forma de aplicar a psicologia na prática na sala de aula e que fazia parte do “existencialismo”, e que ela precisava se libertar de costumes e tradições sociais cristãos para ter sucesso. A estudante conta ainda que o professor teria chegado a tocar seu seio e teria dado dois tapas em seu rosto, alegando que ela “gostava daquilo.

“Em uma ocasião, ele pediu que eu me ajoelhasse na sua frente. Quando me ajoelhei, ele pediu que eu fizesse o que quisesse com ele, que eu assumisse os meus desejos que ele sabia que eu tinha. Eu não entendi o que ele tava querendo dizer com aquilo, então apenas dei tapinhas na barriga dele. Quando terminei, seu membro estava ereto e sua calça suja.”

Outra das denunciantes foi aluna de Jadir em 2019, na graduação. Maria ( nome fictício) conta que já tinha ouvido falar, por outras estudantes, que o professor assediava alunas. Para ela, o professor primeiro busca descobrir um ponto fraco como forma de se aproximar.

“Ele sempre jogava perguntas em sala de aula e ia pegando as respostas. Eu falava que tinha medo da solidão e era uma pauta que ele sempre trazia para falar comigo com o intuito de me ‘ajudar’. Hoje eu consigo perceber que isso é uma estratégia dele”, opina.

Ana (nome fictício) terceira disse ter estudado com Jadir por mais de um ano. Ela cita um momento em que o professor passou a mão na perna dela, alegando que se tratava de técnicas ‘ayurveda’, que originalmente fazem parte de uma terapia bioenergética voltada para o autoconhecimento. Na cultura indiana, ela é vista como uma forma medicinal de ‘renovar a energia vital’.

“Houve episódio em que ele tentou me beijar e insistia em acariciar minha perna, alegando que eram técnicas da psicologia. (…) Eu não sabia como agir, só me defendia como podia em cada situação. Cheguei a pensar em conversar com alguém, mas depois de ameaças, fiquei com medo me de prejudicar no meu mestrado. (…) Em um determinado momento, ele chegou a comentar outro caso de assédio, e disse que não aconteceu nada com o professor em questão, a única prejudicada foi a aluna”.

Ana finaliza dizendo que agora deseja que ele perca o cargo de professor, e que a UFMA trate da situação com a seriedade que ela pede.

“Essa violência me afeta psicologicamente até hoje e me sinto prejudicada; toda essa situação se amplia em várias áreas da minha vida pessoal e acadêmica. Desde a época, estou em acompanhamento psicoterapêutico”, conta a jovem.

Jadir acabou denunciado pelas alunas, inicialmente na Polícia Civil, e depois, por se tratar de uma universidade federal, o caso foi encaminhado à Polícia Federal. O inquérito que apura os possíveis abusos cometidos pelo professor corre em segredo de justiça.

Investigação

Universa entrou em contato com o professor. Jadir Machado Lessa se disse surpreendido pela denúncia e pelo afastamento de sua função docente “a qual sempre exerci com esmero, dedicação e especial respeito a todos”. Ele ainda ressalta: “nunca extrapolei os limites da cordialidade das relações interpessoais e, principalmente, nunca me vali de minha função para obter qualquer proveito, sobretudo, de cunho sexual”.

Sobre as denúncias, o profissional diz que é defensor da liberdade de expressão e que pede que o caso seja tratado “com responsabilidade plena, sem prejulgamentos que possam resultar em minha condenação prévia ou execração pública, descontextualizados da verdade a qual, certamente, não é aquela constante da denúncia responsável por induzir a erro o magistrado que determinou meu afastamento do cargo que ocupo”.

Em nota, a UFMA declarou estar tomando as providências legais quanto ao caso.

“A Universidade Federal do Maranhão, em respeito à opinião pública, comunica que, ao tomar conhecimento das denúncias de assédio contra o professor Jadir Machado Lessa, cumpriu a determinação judicial que ordenou o seu afastamento por 180 dias, assim como tomou todas as providências legais que o caso requer. Ressalta que a Universidade é um espaço onde devem prevalecer o respeito, a tolerância e a defesa dos direitos individuais e coletivos, indispensáveis em um ambiente em que a produção do conhecimento é a grande missão”.

Com informações do UOL.

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