
MARANHÃO, 03 de novembro de 2025 – Um grupo internacional de cientistas identificou, no município de Riachão, no Maranhão, um novo tipo de coronavírus com traços genéticos semelhantes ao SARS-CoV-2 e ao MERS-CoV.
A descoberta ocorreu durante um estudo de monitoramento genético de morcegos conduzido por pesquisadores do Japão, Brasil e de outros países, que analisaram amostras de tecido intestinal de diferentes espécies capturadas em áreas rurais e florestais do Maranhão e de São Paulo.
Durante o sequenciamento genético, os pesquisadores detectaram o genoma viral em um morcego da espécie Pteronotus parnellii. O novo vírus, batizado provisoriamente de BRZ batCoV, apresentou semelhanças com coronavírus de relevância mundial para a saúde pública.
Os cientistas identificaram no genoma do BRZ batCoV uma sequência de aminoácidos que forma o chamado sítio de clivagem da furina. Essa estrutura é ativada por uma enzima humana responsável por liberar a proteína spike, mecanismo usado por vírus para penetrar nas células.
No caso do SARS-CoV-2, essa característica está associada à sua alta capacidade de transmissão entre pessoas.
Segundo o artigo, o papel desse sítio é fundamental para definir a infectividade e o alcance de hospedeiros, além de fornecer informações relevantes sobre o potencial evolutivo e o risco zoonótico do BRZ batCoV.
Por isso, os pesquisadores destacaram que a presença dessa estrutura representa um achado significativo para o campo da virologia e da vigilância sanitária.
POTENCIAL EVOLUTIVO E RELEVÂNCIA CIENTÍFICA
Os autores também explicaram que sítios de clivagem da furina já foram detectados em vírus de RNA altamente patogênicos, como os causadores da gripe aviária e o Ebola. Essa recorrência sugere que a formação dessas estruturas pode ocorrer de forma independente em diferentes famílias virais, aumentando seu potencial de patogenicidade.
Apesar das semelhanças genéticas com vírus já conhecidos, os cientistas esclareceram que não há indícios de que o novo coronavírus infecte humanos.
A pesquisa reforça, entretanto, a necessidade de vigilância constante de vírus em animais silvestres, especialmente em regiões tropicais como a América do Sul, que abriga grande diversidade de espécies e ecossistemas propícios à evolução viral.
Os pesquisadores ressaltaram que os morcegos são reservatórios naturais de uma ampla variedade de vírus, incluindo os responsáveis por surtos de SARS, MERS e covid-19. Eles alertaram que outros sítios de clivagem semelhantes podem surgir naturalmente nesses animais por meio de recombinações genéticas.







