
MARANHÃO, 7 de agosto de 2025 – Deputados federais recebem R$ 44 mil mensais em todo o Brasil. No Maranhão, esse valor é 40,9 vezes superior à renda domiciliar per capita local, de cerca de R$ 1 mil, segundo dados da PNAD Contínua de 2023.
O Índice de Disparidade Salarial (IDS) no estado é um dos mais altos do país. Para efeito de comparação, o Distrito Federal apresenta um IDS de 12,8.
Essa diferença é reflexo do modelo de remuneração padronizado do Congresso Nacional, que não considera as desigualdades regionais. De acordo com Magno Karl, diretor executivo do Livres, essa uniformização salarial compromete a capacidade de representação e dificulta a formulação de políticas públicas ajustadas à realidade local.
A lógica salarial unificada também vale para senadores, governadores e o presidente da República. No entanto, os estados brasileiros possuem realidades econômicas e sociais muito distintas.
No Maranhão, o salário de um deputado equivale a mais de 40 vezes a média de renda da população, enquanto em estados como São Paulo e Paraná essa proporção varia entre 16 e 18 vezes.
Para o Livres, essa assimetria alimenta o distanciamento entre representantes e representados. Karl afirma que a ausência de critérios regionais contribui para o enfraquecimento da democracia e amplia o abismo institucional.
EFEITO BOLHA E ESCALADA DE PRIVILÉGIOS
Outro problema apontado é o chamado “efeito bolha”, quando autoridades comparam seus vencimentos apenas com colegas de altos cargos. Deputados, senadores, juízes e executivos públicos, segundo Karl, acabam ignorando a realidade da maioria da população ao definirem salários.
Esse mecanismo provoca um cascateamento: aumentos em níveis federais geram pressões por reajustes em tribunais, assembleias e órgãos estaduais. A falta de conexão com a realidade socioeconômica acaba influenciando as prioridades orçamentárias e descredibilizando instituições.
Karl critica propostas que indexam salários públicos automaticamente aos vencimentos mais altos. Para ele, essa prática institucionaliza distorções e perpetua desigualdades. Como alternativa, o Livres sugere a criação de um teto salarial proporcional à renda local.
A organização propõe ainda a criação de conselhos independentes para definir remunerações públicas, o fim da indexação automática entre poderes e a adoção do IDS como indicador oficial de justiça institucional.
“É necessário romper com o modelo atual, estabelecer critérios transparentes e alinhar as remunerações à realidade federativa do país”, afirma Karl. Para ele, medidas como essas são fundamentais para restaurar a confiança da população nas instituições públicas.
O QUE É O IDS?
O Índice de Disparidade Salarial compara os salários de autoridades públicas com a renda média da população que representam. O estudo analisou dados da PNAD Contínua e salários brutos de parlamentares, juízes, prefeitos e ministros, em todos os estados.
A pesquisa também realizou um comparativo com 17 países democráticos e concluiu que o Brasil está entre os líderes globais em disparidade institucional.







