O paciente Francisco Osvaldo Dias de Sousa, de 38 anos, com passagens pela clínica São Francisco de Neuropsiquiatria e Hospital Nina Rodrigues morreu três dias após receber alta sob evidências de maus tratos, tortura e negligência médica.
Segundo Cidinha, irmã da vítima, Francisco sofria de transtorno bipolar e fazia uso contínuo de remédios controlados há 13 anos. Devido a pandemia da Covid-9, desde que deixou de receber o medicamento pela Farmácia Estadual de Medicamentos Especializados, localizada na Avenida Avenida Senador Vitorino Freire (em frente ao Terminal da Praia Grande), Francisco passou a ter surtos e, no dia 24 de novembro do ano passado, precisou ser levado pelo SAMU ao Hospital Nina Rodrigues e depois direcionado à clínica São Francisco de Neuropsiquiatria.
Atualmente, a maioria dos pacientes é encaminhada aos serviços da rede estadual de saúde no que se refere aos ambulatórios de psicologia, a exemplo do Hospital Nina Rodrigues, situado no Monte Castelo, em São Luís. Segundo relatos, os pacientes dormem na chuva, no sol e em dias de visitas recebiam banho, desodorante, colocavam uma roupa melhor e eram entregues aos familiares para passar a falsa impressão de que estavam sendo bem cuidados, disse um ex-paciente internado na clínica São Francisco de Neuropsiquiatria por motivos de alcoolismo.
“Os enfermeiros espancam mesmo […] Muitas vezes eles botam culpa em outros pacientes que estão internados, mas, na maioria das vezes, é eles mesmo quem espancam […] Lá eles classificam os pacientes em duas categorias: orientados e desorientados. Quando, na verdade, os desorientados ali são eles. Eu tava na categoria dos orientados e tinha acesso ao feminino. Via as mulheres cheia de piolho, cabeça ferida, uma crueldade sem tamanho […] A comida lá é deplorável! Café da manhã não existe, é pão e água quente. Na janta eles inventam arroz com uma tal de carne de soja e era briga todo dia. Todos loucos de fome. A maioria dos pacientes voltavam pra fila e já saía de lá debaixo de pontapés e porradas”, disse o ex-paciente à irmã da vítima.
Assim que a mãe da vítima percebeu que Francisco apresentava sinais de maus tratos, as visitas que ocorriam às quintas-feiras foram suspensas sob justificativa da pandemia, no dia 31 de dezembro. Em 05 de março deste ano, a mãe de Francisco tentou contato telefônico com o filho, mas não obteve sucesso porque, de acordo com a assistente social, ele estava muito alterado.
Estranhamente, cinco dias após, Francisco Osvaldo Dias de Sousa foi entregue para a família sem qualquer aviso prévio. A saúde de Francisco estava tão frágil que ele veio a falecer três dias depois. De acordo com laudo médico, o motivo foi pneumonia, apesar disso, evidências apontam desumanidade médica, tortura e abandono.