HISTÓRIA

MPF investiga envolvimento do BB com a escravidão no século XIX

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BB escravidão
A investigação visa determinar se o banco lucrou com o tráfico de pessoas escravizadas e se apoiou essa prática por parte de agentes privados.

BRASIL, 29 de setembro de 2023 – O Ministério Público Federal (MPF) anunciou a abertura de uma investigação para esclarecer a possível conexão entre o Banco do Brasil e a escravidão no século XIX. A investigação visa determinar se o banco lucrou com o tráfico de pessoas escravizadas e se apoiou essa prática por parte de agentes privados.

A iniciativa do inquérito civil público partiu de uma petição apresentada por quinze historiadores, vinculados a universidades tanto brasileiras quanto estrangeiras, e faz parte de uma abordagem mais ampla para investigar a responsabilidade de instituições brasileiras no comércio escravagista.

Os historiadores solicitaram que o Banco do Brasil forneça informações relacionadas ao financiamento do tráfico de escravos e ao aumento do próprio capital da instituição por meio dessa prática durante o período imperial. Eles também exigem uma posição oficial do banco em relação a essa relação econômica e pedem detalhes sobre quais ações a instituição está tomando para investigar e reparar sua história em relação à escravidão.

O banco tem um prazo de 20 dias para fornecer esses documentos, e uma reunião entre a presidência do Banco do Brasil e os acadêmicos foi agendada para 27 de outubro na Procuradoria da República no Rio de Janeiro.

O Banco do Brasil, uma das instituições mais antigas da história do Brasil, foi fundado em 1808, no mesmo ano em que a família real portuguesa se mudou para o Brasil. Embora tenha enfrentado dificuldades financeiras e fechado temporariamente em 1820, foi reaberto em 1853. Durante esse período, alguns dos maiores traficantes de escravos do Brasil eram acionistas do banco.

“As contribuições para o capital do banco provinham dessas atividades, e as maiores fortunas do Rio de Janeiro estavam claramente ligadas ao comércio transatlântico de africanos”, afirmaram os procuradores Aline Caixeta, Jaime Mitropoulos e Julio José Araujo Junior.

Em resposta às investigações, o Banco do Brasil destacou que a responsabilidade pela reparação histórica relacionada à escravidão é compartilhada por toda a sociedade. A instituição afirmou estar disposta a colaborar com o MPF e envolver a sociedade na busca por uma resolução adequada.

O banco também enfatizou seu compromisso com a inclusão racial e a luta contra a discriminação, mencionando parcerias com o Pacto Global da ONU, o Ministério da Igualdade Racial e a Universidade Zumbi dos Palmares.

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