São Luís, 26 de maio de 2023 – No cenário político brasileiro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro é fundamental para a responsabilização de um dos episódios mais ultrajantes da história do Brasil. Espera-se seriedade no trato com as investigações para que os responsáveis sejam devidamente apontados. Ocorre que nesta semana, a senadora Eliziane Gama, do estado do Maranhão, foi escolhida para assumir a relatoria da investigação. Fato que aponta para um enterro da CPMI antes mesmo do início de seus trabalhos.
A CPMI do 8 de Janeiro foi instaurada com o objetivo de apurar os fatos ocorridos durante os protestos que aconteceram nessa data, especialmente no que se refere à invasão do Congresso Nacional.
A ascensão de Gama levanta questionamentos acerca de sua relação próxima com o ministro Flávio Dino, um dos principais investigados na CPMI. A senadora foi eleita única e exclusivamente para o cargo em 2008 pela ajuda de Dino, que era governador.
A escolha da senadora Eliziane Gama para produzir o relatório final da comissão tem gerado controvérsias, pois ela mantém uma relação estreita com o ministro Flávio Dino, que figura como um dos investigados. Flávio Dino, ex-governador do Maranhão, é um importante aliado político de Gama, e essa ligação intriga os observadores atentos ao desenrolar dos trabalhos da CPMI.
O fato é que a imparcialidade é um pilar fundamental no trabalho de uma comissão de inquérito, e a nomeação de alguém com ligações estreitas com um dos investigados pode comprometer a credibilidade dos resultados alcançados. Virtudes que a senadora não possui.
Tudo indica que Eliziane Gama não irá agir de forma imparcial e isenta e deve ser pautada apenas pela busca da blindagem de Dino e do governo Lula. Entretanto, pode ser que em um surto de caráter, a senadora demonstre, por meio de suas ações e do cumprimento rigoroso do regimento da CPMI, que é capaz de separar suas ligações pessoais de suas responsabilidades como presidente dessa importante investigação. Pode ser, mas não será.
A sociedade brasileira espera transparência e imparcialidade nas investigações da CPMI do 8 de Janeiro. É fundamental que todos os envolvidos sejam tratados de maneira justa e que as conclusões sejam baseadas em evidências sólidas e conclusões racionais. A escolha de Eliziane Gama para a relatoria enterra essas possibilidades.
Em um momento delicado como esse, a escolha dos líderes da CPMI deveria ser pautada pela imparcialidade e pela busca da verdade, deixando de lado quaisquer conexões pessoais que possam comprometer a lisura do processo investigativo.
Situações que passam muito distantes da escolha da senadora para ocupar a relatoria.