TOLERÂNCIA COM O CRIME

Correios escondem nomes de carteiros que “extraviam” encomendas

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Extravios suspeitos reforçam a tese de que quadrilhas podem estar na empresa com a conivência da direção

Com o crescimento do comércio eletrônico, o envio de encomendas pelos Correios se tornou mais frequente. Junto com ele, o extravio de encomendas. Apesar do processo ser todo registrado e dos Correios terem conhecimento dos funcionários que “perdem” as encomendas, a identidade dos responsáveis é guardada sob sigilo pela empresa.

POLÍCIA FEDERAL NO ENCALÇO

Entre 2019 e 2022 a Polícia Federal desencadeou diversas operações policiais quem tinham como alvo funcionários dos Correios. As máfias iam desde o extravio de encomendas simples, passando por fraudes no seguro até o desvio de lotes inteiros.

Apesar dos Correios tratarem os extravios como “acidente” de percurso, estranhamente os produtos mais extraviados são eletrônicos e aparelhos celular. Já existe dentro da empresa um protocolo para tratar, sem qualquer investigação prévia ou averiguação, qualquer extravio como perda acidental.

A situação reforça a impressão de que a diretoria da empresa é conivente com a situação e age de forma a proteger os possíveis ladrões que trabalham na empresa. Além disso, a empresa tem conhecimento de cada responsável por cada encomenda extraviada durante o processo.

O número elevado de extravios não condiz com as demissões na empresa. Ao tratar a situação como extravio, a empresa reforça a sensação de impunidade e acaba incentivando desvios, roubos e fraudes.

CASO

No dia 26 de julho uma encomenda de código LB544653557HK vinda da China saiu da Unidade de Tratamento do Tibiri para a Unidade de Distribuição no Barreto (CTCE). Ambas as agências de São Luís, no Maranhão, e são separadas por 9 km. De carro o trajeto é feito em pouco menos de 2 horas.

No dia 06 de agosto, 12 dias após a saída, o pacote não consta como entregue na Agência do Barreto.

Uma investigação do proprietário revela que o malote com outras 380 encomendas foi entregue, no mesmo dia, no destino. Entre os dias 27 e 29 várias delas foram entregues. Após uma semana um dos funcionários do CTCE afirmou, por áudio, que a encomenda pode ter sofrido um “perdido”. Ele falou sorrindo.

A investigação sobre o caso descobriu que a empresa tem o nome do funcionário responsável pelo transporte da mercadoria entre as duas agências. Apesar das reclamações e da demora de 12 dias em um trajeto de duas horas, os Correios não tomam qualquer medida e simplesmente comunicam que a encomenda está em trânsito.

A situação, somada aos protocolos dos Correios que despreza a possibilidade de roubo/desvio e já trata a situação como extravio, reforça a tese de que uma quadrilha de ladrões pode estar atuando nos Correios do Maranhão.

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