SÃO LUÍS, 12 de março de 2023 – A divulgação do laudo sobre as causas do incêndio que ocorreu em uma sala de cinema da rede Cinesystem, no Rio Anil Shopping, em 7 de março, é aguardada há mais de três meses e o prazo de divulgação já foi expirado, pois deveria ter sido anunciado desde 31 de maio.
O incêndio resultou na morte de duas pessoas, Yasmin Gomes Campos, de 21 anos, e Evellyn Gusmão Gomes Silva, de 16 anos, além de deixar outras 21 pessoas feridas. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA) informou que os trabalhos foram concluídos, mas até o momento não houve divulgação dos resultados técnicos.
Conforme destacado pelo blog, a divulgação do laudo pericial tem sido atrasada devido a divergências técnicas entre o Corpo de Bombeiros e a Secretaria da Segurança. Essas discordâncias têm impedido a divulgação do laudo final, o que prolonga a obtenção de uma resposta clara sobre as responsabilidades pelo ocorrido.
Segundo apuração do blog Marco Aurélio d’Eça, o laudo pericial do Icrim, número 0022097/2023/PO, com 97 páginas e assinado pelos peritos criminais Aristoneide Costa Coelho, Antônio Fernando Barros, Cláudio José Sousa da Silva e Cássio Marques Freitas, aponta que o incêndio teve início na cabine de projeção da sala 3 do Cinesystem, mais especificamente no projetor de filmes.
Conforme o laudo, a causa foi um fenômeno elétrico na fonte de alimentação da lâmpada do projetor, sendo impossível identificar o elemento que iniciou o fogo. Os peritos destacam que a área onde a manta asfáltica foi colocada fica a uma distância de 34,25 metros das salas de cinema.
Por outro lado, o laudo pericial de incêndio número 005, datado de 30 de maio de 2023, elaborado pelo Corpo de Bombeiros, não descarta a possibilidade de o incêndio ter sido causado por uma “chama aberta” proveniente do uso de um maçarico na cobertura do shopping.
De acordo com o laudo assinado pelos oficiais-peritos Antonio Eliberto Mendes, João Luís Gonçalves Lima, Leno Romeu Coelho Costa, Paulo Henrique Fernandes Oliveira e Léo Anderson Diniz Pereira, o uso de chama aberta em presença de combustíveis como dutos elétricos, papel cartão proveniente do gesso acartonado e plástico de revestimento das placas acústicas pode iniciar uma combustão em cadeia.
Além disso, o laudo menciona a temperatura elevada devido aos vapores acumulados pelas máquinas de projeção. O Corpo de Bombeiros não determinou conclusivamente a causa do incêndio na sala 3, apesar de reconhecer que essa área foi a mais afetada pelo fogo.
O laudo dos Bombeiros também destaca a presença de dispositivos do tipo Sprinkler (chuveiros automáticos acionados pelo calor em caso de incêndio) na cabine de projeção da sala 3 do Cinesystem. Segundo o documento, esses dispositivos são acionados a partir de 68°C e, portanto, se o incêndio tivesse iniciado na máquina de projeção da sala 3, o Sprinkler teria sido ativado automaticamente, contendo as chamas e evitando a propagação do fogo.
O documento sugere que o acionamento do Sprinkler teria sido tardio se o incêndio tivesse começado acima do chuveiro automático, na região do entreforro, e só depois se espalhado para a área de projeção da sala 3.
As informações foram obtidas pelo blog Marco Aurélio d’Eça, que teve acesso exclusivo aos laudos do Instituto de Criminalística (Icrim) e do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão.