Governo Lula quer manter diálogo com ditadura de Maduro

BRASIL, 27 de janeiro de 2025 – As eleições presidenciais realizadas na Venezuela em julho de 2024 resultaram em instabilidade política, com a vitória de Nicolás Maduro sendo amplamente contestada pela comunidade internacional, devido a suspeitas de fraude eleitoral. O governo brasileiro tem adotado uma postura de mediação entre Caracas e a comunidade internacional, buscando abrir espaço para o diálogo. Entretanto, as relações entre os dois países passaram por momentos de tensão, especialmente em outubro do ano passado, quando o Brasil impediu a entrada da Venezuela no bloco dos Brics.
Maduro legitima fraude e assume novo mandato na Venezuela

VENEZUELA, 10 de janeiro de 2025 – Nicolás Maduro foi empossado nesta sexta (10) para um terceiro mandato como ditador da Venezuela, mantendo o chavismo no poder até o final de 2030. A cerimônia ocorreu na Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas, e reuniu autoridades locais e estrangeiras. Ao prestar juramento, Maduro prometeu um regime marcado por “paz, prosperidade e uma nova democracia”. Em discurso, exaltou a sua retórica anti-imperialista e disse, outras coisas, que sua vitória veio “da vontade popular”. “Eu não fui eleito pelo governo dos Estados Unidos, nem pela oligarquia. Venho do povo, sou do povo, e meu poder emana da história e do povo, e ao povo devo minha vida completa”, declarou. Desde as eleições de julho de 2024, a legitimidade da vitória de Maduro tem sido questionada. A oposição e grande parte da comunidade internacional acusam o governo de não apresentar atas eleitorais que comprovem os resultados das urnas.
Maduro prestes a assumir terceiro mandato na Venezuela

VENEZUELA, 10 de janeiro de 2025 – O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, toma posse nesta sexta (10) para seu terceiro mandato consecutivo, em meio a acusações de fraude e isolamento internacional, mas com o apoio dos militares e dos demais poderes do Estado. A investidura acontece um dia depois de uma marcha da oposição ter terminado com a denúncia de uma breve prisão de sua líder María Corina Machado, que o governo negou, enquanto o plano de Edmundo González Urrutia de tomar posse torna-se cada vez mais improvável. Maduro mobilizou seus apoiadores na quinta-feira, pedindo que eles “saíssem às ruas aos milhões” para sua posse. “No dia 10, juro com Maduro pelo futuro”, diz um de seus slogans. O ato está marcado para o meio-dia (13h em Brasília) na sede do Parlamento, controlado pelo chavismo. Centenas de agentes de segurança fortemente armados foram mobilizados ao redor do Legislativo e de outros poderes públicos no centro de Caracas, como parte do plano de “defesa” nacional de Maduro. As autoridades anunciaram nesta sexta que a fronteira com a Colômbia ficaria fechada até segunda em resposta a supostas “informações sobre uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos”, disse Freddy Bernal, governador do estado fronteiriço de Táchira. Denúncias de planos para derrubar Maduro são frequentes, sendo a Colômbia e os Estados Unidos geralmente os acusados. Washington, que nega qualquer conspiração, apoiou Gonzalez Urrutia, que visitou a Casa Branca esta semana. O presidente eleito americano Donald Trump se referiu a ele na quinta-feira como “presidente eleito”.
Lula se distancia de Maduro e pagamento da dívida é suspenso

VENEZUELA, 16 de novembro de 2024 – Após a escalada de tensão entre Brasil e Venezuela, o governo brasileiro não pretende reatar a boa relação com o regime de Nicolás Maduro. Enquanto o relacionamento entre os dois países passa por um esfriamento, a dívida que Caracas tem com o Brasil segue sem previsão de ser quitada. O débito, que supera a casa de US$ 1,6 bilhão, teve os pagamentos suspensos desde 2017. A relação entre a Lula (PT) e o ditador Nicolás Maduro ficou estremecida nos últimos meses e, conforme apurou a Gazeta do Povo com membros do Itamaraty, não há interesse, neste momento, em “reconstruir as pontes rompidas” com o país. O autocrata venezuelano escalou o tom contra o Brasil após o governo brasileiro se opor à adesão da Venezuela aos Brics. Quando assumiu para seu terceiro mandato, Lula tentou reatar as negociações da dívida com a Venezuela, apostando em sua aproximação com o chavismo. O petista defendia a ideia de que os pagamentos, suspensos desde 2017, não haviam sido retomados nos últimos anos porque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia cortado as relações bilaterais com Maduro durante seu mandato. “Vamos ser francos. Os países que não pagaram, seja Cuba ou Venezuela, é porque o [ex-]presidente [Bolsonaro] resolveu cortar relação internacional com esses países e para não cobrar e poder ficar nos acusando, deixou de cobrar e tenho certeza que no nosso governo esses países vão pagar, porque são todos amigos do Brasil e, certamente, pagarão a dívida que têm com o BNDES”, disse Lula em fevereiro de 2023. Mas nem mesmo sua aproximação de Maduro destravou os pagamento.
Ditador Maduro adianta Natal na Venezuela para 1º de outubro

VENEZUELA, 03 de setembro de 2024 – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou o adiantamento do Natal no país para o próximo dia 1º de outubro. O anúncio foi feito na noite desta segunda (2), em um programa de auditório que ele mesmo apresenta semanalmente. O adiantamento coincide com um momento de tensão no país, após as eleições presidenciais de 28 de julho. Oposição e boa parte da comunidade internacional colocam em dúvida a legitimidade da reeleição de Maduro para mais um mandato. A medida de Maduro é considerada uma “cortina de fumaça para a fraude eleitoral” pelo pesquisador de Harvard e professor de relações internacionais Vitelio Brustolin. Em meio a protestos e à pressão internacional, a Procuradoria venezuelana, aliada do chavismo, pediu a prisão do candidato oposicionista, Edmundo González, que reivindica a vitória nas eleições e pede a divulgação das atas das urnas. O pedido foi acatado pela Justiça, também considerada um braço do regime de Maduro. NATAIS ADIANTADOS Não é a primeira vez que Maduro recorre à antecipação das celebrações natalinas no país. Em 2020, ele adiantou o Natal para 15 de outubro, em meio à pandemia. Na ocasião, a data foi marcada pela liberação de recursos para a compra de brinquedos. Em 2013, Maduro já havia decretado que as comemorações acontecessem a partir de 1º de novembro, afirmando na época que desejava “felicidade e paz para todo o mundo” e “derrotar a amargura”. Hugo Chávez havia morrido em março daquele ano, e Maduro venceu uma eleição presidencial cuja lisura foi contestada.
Supremo declara Maduro vencedor e proíbe divulgação das atas

VENEZUELA, 22 de agosto de 2024 – O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), a mais alta Corte do país, que é alinhada ao regime de Nicolás Maduro, declarou nesta quinta (22) reconhecer a reeleição do presidente venezuelano na votação de 28 de julho. O TSJ venezuelano também proibiu a divulgação das atas eleitorais, que indicam o resultado da votação por zona eleitoral. A publicação das atas, que comprovariam o resultado do pleito, vinha sendo cobrada pela oposição e pela comunidade internacional. Segundo o próprio TSJ, a decisão da Corte é “inapelável”. O Tribunal Supremo também considerou que o candidato da oposição, Edmundo González, está sujeito a sanções por cometer o que foi considerado desacato à Justiça ao não comparecer a audiências convocadas pelo Judiciário após a eleição. Com a decisão, a Corte, considerada um braço do chavismo no Judiciário, referendou, 25 dias depois da eleição, o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O conselho é o equivalente à Justiça eleitoral do país e também está sob o comando de um aliado de Maduro. O CNE havia proclamado a vitória de Maduro no dia seguinte à votação, em 29 de julho, e outra vez dias depois, no início de agosto. No entanto, as atas eleitorais nunca foram publicadas.
Maduro manda prender mais de 2 mil pessoas na Venezuela

VENEZUELA, 05 de agosto de 2024 – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, intensificou a repressão em seu governo, com mais de 2 mil venezuelanos presos após protestos em Caracas. As manifestações ocorreram após denúncias de fraude eleitoral, e o governo de Maduro reagiu com a maior repressão de seus 11 anos no poder. Durante uma coletiva de imprensa, Maduro prometeu enviar os manifestantes para prisões de segurança máxima por até 30 anos. Os protestos surgiram após a oposição, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, publicar resultados eleitorais detalhados, alegando vitória. A alegação contradiz os números divulgados pelo governo, que declarou Maduro vencedor com 51,95% dos votos. A oposição, no entanto, apresentou evidências de que González obteve quase 70%. Em sua primeira coletiva de imprensa internacional em quase dois anos, Maduro demonstrou frustração e raiva, criticando a mídia internacional e a oposição. Ele acusou seus opositores de tentar incitar uma guerra na Venezuela, comparando a situação a conflitos em outros países.
Maduro realiza live com perfis falsos em transmissão presidencial

VENEZUELA, 23 de fevereiro de 2024 – Na última quarta (21), o ditador venezuelano Nicolás Maduro realizou uma live intitulada “Transmissão Presidencial” em seu Instagram, onde, curiosamente, a maioria dos 800 espectadores eram perfis falsos. O evento ocorreu por volta das 22h no horário de Brasília (21h em Caracas) e chamou a atenção pela presença de contas com nenhuma ou quase nenhuma atividade, muitas delas utilizando fotos de personalidades famosas, como a atriz Amanda Seyfried. A situação é notável à luz da recente revelação da Telefónica, empresa espanhola atuante na Venezuela desde 2005, que recebeu mais de 1,5 milhão de pedidos de “interceptações” de suas linhas telefônicas e acesso à internet em 2021. Esse aumento alarmante, segundo defensores dos direitos humanos, representa um avanço no programa de “vigilância em massa” da ditadura venezuelana, com as interceptações saltando de 380,2 mil em 2016 para 861 mil em 2021.