Por que a direita não conseguiu eleger vereador em São Luís?
Em 2018, mesmo sem nenhum apoio político de peso ou estrutura de campanha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) obteve 224.108 votos no 2º turno das eleições. Em 2020 algumas dezenas de candidatos foram lançados com a bandeira do bolsonarismo/direita. Apesar de nenhum ter sido eleito, a média de votos foi maior do que a de muitos partidos que conseguiram eleger vereadores. Então, por que ninguém foi eleito? TIVERAM VOTOS Os 10 principais nomes que disputaram as eleições levantando bandeiras mais alinhadas à direita conseguiram, juntos, mais de 10 mil votos. Ou seja: a média de votos foi de 1 mil por candidato. As eleições tiveram 943 candidatos que receberam 493 mil votos. A média foi de, aproximadamente, 520 votos por candidato. Ou seja: os candidatos de direita, pelo menos os 10 mais votados, tiveram o dobro da média dos demais candidatos. O que deixa clara a chance de que o projeto eleitoral era viável. POR QUE NÃO ELEGERAM NENHUM? Ao invés da união, os candidatos foram iludidos pelo sonho de serem “fenômenos”. Todos pensaram que iriam surfar na popularidade de Bolsonaro e ter 5, 6, 7 mil votos. Os resultados mostraram o quanto essa expectativa era tola. Por conta dessa ilusão, que muitas vezes era disfarsada em puritanismo partidário chinfrim, os candidatos saíram divididos em vários partidos diferentes e em várias candidaturas. Resultado? Apenas ajudaram a engordar votações de legendas que acabaram fracassando ou elegendo esquerdistas. Não elegeram ninguém porque foram burros/inocentes/ inexperientes/egocêntricos/ oportunistas/gananciosos. Cada um foi algo desse leque em menor ou maior escala. POSSIBILIDADES Uma das possibilidades, a mais difícil, era a de que todos optassem por um nome e fizessem campanha para ele. Dessa forma, é bem provável que este nome, mesmo isolado em qualquer partido, pudesse ter a maior votação e acabasse eleito. Hipoteticamente, Juvencio Jr (PRTB) tivesse tido apoio em massa de todos os que saíram candidatos, hoje seria vereador de São Luís. Para isso, bastava que tivesse metade dos votos obtidos por candidatos de direita. O candidato iria superar o primeiro colocado na legenda, Umbelino Jr. E o caso poderia ser repetido em outras situações. Outra possibilidade seria que todos optassem pelo mesmo partido. Devido ao coeficiente eleitoral (número mínimo que cada partido deveria alcançar para eleger um vereador), cada legenda tinha como meta 15 mil votos para que tivesse, pelo menos, um representante na Câmara Municipal. O único partido assumidamente alinhado a pautas de direita que lançou candidatos em São Luís foi o partido NOVO. Mesmo tendo direito a lançar 45 candidatos, a legenda teve apenas 9 pessoas disputando as eleições. Juntas elas alcançaram 4.004 votos. Os mais votados foram José Anderson Abreu Rocha (984 votos) e Markus Trinta (818 votos). Caso os outros 7 candidatos de direita melhor votados, que se dividiram em outros partidos, tivessem optado por candidaturas pelo NOVO, a legenda hoje teria um vereador na Câmara Municipal. Juntos eles alcançaram 7.532 votos. Somados aos 4.004 votos do NOVO, chegariam a 11.536 votos. Dez votos mais do que o PSD, que elegeu a advogada Karla Sarney na última vaga. Outra coisa: o PSD lançou 25 candidatos. Com o “aporte” dos demais candidatos de direita, o NOVO teria lançado apenas 16. Se “completasse” a lista com mais 9 nomes, muito provavelmente iria aumentar a vantagem. O DILEMA DE 2022/2024 Em 2022 a “chamada direita” maranhense irá ter mais uma chance de eleger o primeiro parlamentar orgânico. As estratégias são simples: todos na mesma legenda (PRTB ou NOVO) ou todos pelos mesmos nomes (deputado estadual e deputado federal). Caso contrário, continuarão engordando legenda para outros.