O que dá para comprar com o salário do mês em Cuba?
Já contamos anteriormente a história da Revolução Cubana e como isso mudou (para pior) a trajetória de Cuba, instituindo uma economia estagnada, um sistema de saúde de péssima qualidade, uma educação deficitária e falta de liberdade econômica e individual. Assim, depois de décadas, o legado de Fidel Castro se resume à miséria, fome e desigualdade. Diante da piora na qualidade de vida após a implementação do regime socialista, criou-se um sistema de racionamento utilizado até então. Trata-se de uma caderneta de racionamento, em virtude da escassez de alimentos. O resultado? A população continua vivendo com pouquíssimos alimentos para subsistência e não tem renda o bastante para suprir a necessidade de complementar sua alimentação. Para mostrar isso, vamos falar a seguir sobre o salário médio em Cuba e o poder de compra da população. Afinal, um dos principais indicativos do sucesso de um sistema é a prosperidade econômica gerada por ele. Isto fica claro pelas condições de renda de sua população e de seu poder aquisitivo — neste caso, a falta de poder. A renda média dos cubanos A renda média mensal dos cubanos em 2016 foi de cerca de 740 pesos cubanos (CUP), um valor que à época seria o equivalente a cerca de 20 dólares (US$). Trata-se de patamar abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial, conforme apontado por Yaxys Cires, diretor de estratégia do Observatoire Congolais Des Droits de l’homme (OCDH). Os dados também encontram-se no estudo Salário Médio em Cifras 2016. O mesmo publicado pelo site do Escritório Nacional de Estatística e Informação de Cuba e divulgado pela agência EFE, serviço espanhol de notícias internacionais. O controle de alimentos pela ditadura cubana Em 2017, um cubano recebia por meio da caderneta de abastecimento 3 kg de arroz, 2 kg de açúcar, ½ litro de óleo de soja, 1 pacote de café misturado, 1 pacote de massa, 5 ovos e uma quantidade baixa de carne de frango. Com os US$ 30 restantes, precisavam ainda cuidar da alimentação, arcar com os custos de moradia, transporte, cuidados pessoais, entre outros. Vale destacar que a caderneta é um símbolo da ausência de renda para garantir a subsistência mínima e da escassez de alimentos proporcionada pelo tabelamento de preços. Por exemplo, US$ 1,54 é o preço de uma dúzia de ovos na ilha, US$ 1,44 o quilo de arroz, US$ 6,99 o quilo de maçã, US$ 7,50 um garrafa de vinho, US$ 1,15 o litro de gasolina, US$ 29,42 os serviços básicos de eletricidade, aquecimento, arrefecimento, água e lixo para um apartamento de 85m², US$ 47,75 um par de calças Levis, 501 ou semelhante. Os dados sobre o custo de vida em Cuba foram obtidos por meio da Numbeo, maior base de dados colaborativa sobre cidades e países do mundo. A desigualdade de salário em Cuba O estudo When Racial Inequalities Return: 60 Years After Revolution Assessing the Restratification of Cuban Society, de Katrin Hansing e Bert Hoffmann, da Universidade de Cambridge, coletou novos dados sobre o patamar de renda por faixas salariais na população. A pesquisa foi feita por meio de entrevistas com 1.049 cubanos em praticamente todas as províncias da ilha entre janeiro de 2017 e abril de 2018, em áreas urbanas e rurais. Os dados do estudo mostraram que 74,5% da população recebe menos de 3 mil pesos cubanos conversíveis (CUC) por ano. É o equivalente a 250 CUC mensalmente, ou seja, a grande maioria da população possui uma renda abaixo de US$ 250 mensais. Já 11,9% dos cubanos situam-se na faixa entre 3.001 CUC e 5.000, ou seja, entre US$ 250 e US$ 416 mensais. Mas afinal, o que dá para comprar com o salário em Cuba? Como resultado de uma política econômica totalmente equivocada e um regime fracassado, o custo das necessidades básicas corrói 113% do salário médio em Cuba e 313% do salário mínimo, de acordo com estudo de 2019 do Centro de estudos da Economia Cubana da Universidade de Havana Betsy Anaya e Anicia García. Resumindo: a renda média de um cubano não dá para comprar quase nada para sua subsistência. Mudanças políticas recentes em Cuba Na tentativa infrutífera de mudar, ou melhor, tentar maquiar a triste realidade da pobreza extrema em Cuba, o governo anunciou em meados de 2019 aumentos salariais e previdenciários para cerca de 1,5 milhão de funcionários do estado. Vale ressaltar que Cuba possui 3 milhões de funcionários públicos, de um total de 4,4 milhões de pessoas empregadas. Ou seja, metade dos funcionários estatais e praticamente 25% da população empregada recebeu aumento. Ou seja, o governo cubano buscou artificialmente aumentar a renda média da população a partir de aumento de gastos. Naturalmente, algo insustentável. Como se não bastasse, foram tomadas mais medidas de controle de preços. Com isso, a inflação já elevada em Cuba disparou, corroendo ainda mais o poder de compra da população. Isso ocorreu pois todo aumento salarial deve acompanhar um aumento equivalente de riqueza e ganhos de produtividade para ser sustentável. Assim, tanto em virtude dos problemas internos quanto da crise da pandemia da Covid-19, a inflação em Cuba chegou a cerca de 70% em 2021. A situação econômica, social e sanitária ensejou os maiores protestos civis em todo o país desde a Revolução Cubana na década de 1950 Infelizmente, os protestos foram contidos por violenta repressão do regime.
PT minimiza gastos do BNDES em Cuba, Venezuela e outros países
Em ano eleitoral, o PT tenta explicar o desperdício de dinheiro dos pagadores de impostos por meio de empreiteiras enquadradas na Operação Lava Jato. Para desempenhar essa tarefa, o partido escalou Miriam Belchior, ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão do Brasil no governo Dilma Rousseff. “No caso de empréstimos para outros países, são financiamentos para empresas brasileiras realizarem obras no exterior”, explicou Miriam. “Não é financiamento direto para outros países, a gente não empresta para eles e pronto. A gente só empresta se as nossas empresas forem realizar as obras, que é a modalidade chamada exportação dos serviços de engenharia.” A ex-ministra não mencionou no artigo publicado no site do PT que as empresas foram as que a Lava Jato descobriu, como Odebrecht, Camargo Corrêa, entre outras. O esquema revelou que as companhias pagaram propinas milionárias para o PT, MDB e o PP durante as gestões Lula e Dilma. A dívida de Cuba e da Venezuela com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é de R$ 3,5 bilhões (US$ 680 milhões). Durante os governos do PT, empréstimos concedidos pelo BNDES para financiamento de obras nos dois países atingiram R$ 11 bilhões (US$ 2 bilhões). O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse no início do ano que o banco convivia com seguidos calotes dos países parceiros do petismo nesses negócios. Em uma entrevista, Montezano revelou que Cuba lastreou a dívida a charutos. “Não só nós fizemos tudo certo para as grandes empresas nacionais, sem qualquer irregularidade, como a iniciativa deu frutos positivos para a economia brasileira e para o emprego no Brasil”, disse Miriam, no artigo.