
Grupo de fazendeiros que reúne pelo menos 800 proprietários de terra estão se organizando, com apoio de prefeituras e de entidades de classe, para enfrentar o “Abril Vermelho”, mês em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) costuma invadir propriedades para pressionar por reforma agrária.
“O dia 1º de abril é chave. O MST chama de Abril Vermelho porque gostam de deflagrar invasões. Faremos vigília. No governo passado eles [MST] pararam porque o governo não deixava. Então, estamos nos organizando e esse movimento está ganhando corpo e dimensão nunca antes vista. É uma bomba pronta para explodir porque pode haver conflito na hora de retirar os invasores”, afirmou Luis um dos organizadores do movimento de resistência e produtor de cacau e criador de gado em Ilhéus.
Em todo o governo de Jair Bolsonaro, de acordo com o Incra, foram 24 invasões em propriedades rurais, já nos dois governos de Lula, mais de 2 mil. Só neste ano foram 16 invasões de terra no país, sendo 10 na Bahia, no entanto, como a comunicação não é obrigatória, o número pode ser maior. Segundo informações, 800 fazendeiros de 130 dos 417 municípios baianos já fazem parte do grupo. Os núcleos estão nos municípios de Itabuna, Jiquiriçá, Ipiaú e Itapetinga (centro-sul do Estado), Eunápolis (sul) e Santo Antonio de Jesus (Região Metropolitana de Salvador).
“O grupo é muito claro. Não pode ter arma de fogo. A gente aposta na pressão. Se eles entrarem na fazenda com cem pessoas, nós apertamos o botão do grupo e vamos para lá com mil pessoas”, disse Uaquim, preocupados com a inércia do governo Lula e do governo da Bahia de Jerônimo Rodrigues (PT) em conter as invasões de propriedades rurais.
Em fevereiro, a Suzano, multinacional de celulose, teve três áreas invadidas na Bahia. O governo Lula não condenou as invasões.